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Cresceu a aposta no mercado de que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) pode encerrar o ano no teto da meta de inflação — de 4,5% — ou muito próximo dela, conforme o último boletim Focus, que indica mediana de 4,56%.
A perspectiva de moderação no IPCA no encerramento do ano reforça a aposta pelo início do ciclo de flexibilização monetária já em janeiro, segundo economistas, embora esse não seja o cenário-base da maioria.

O mercado de trabalho resiliente e a inflação de serviços em níveis altos — ainda que esteja em desaceleração e apresentando uma melhora qualitativa — podem ser um freio para o Banco Central na decisão de reduzir ou não a taxa Selic em janeiro.
A economista Andréa Angelo, da Warren Investimentos, considera que a desaceleração dos serviços aumenta a aposta por uma queda de juros em janeiro, de 0,25 ponto porcentual.
Segundo ela, o qualitativo do IPCA mostrou melhora em setembro e na leitura do IPCA-15 de outubro. Contudo, a parte de serviços intensivos no trabalho, ligado ao mercado de trabalho, foi a única que voltou a acelerar neste mês.
Para o head de macroeconomia da Kínitro Capital, João Savignon, o cenário atual para a inflação aumenta a probabilidade de uma eventual antecipação do ciclo de cortes da taxa Selic, mas avalia que ainda é cedo para o Copom baixar a guarda e antecipar o ciclo de redução da taxa Selic.
“É preciso aguardar o efeito positivo da dinâmica para gerar uma expectativa inflacionária menor, especialmente para 2027, que é o horizonte do BC. A autarquia precisa consolidar o ganho de credibilidade”, observa.
A Kínitro prevê o primeiro corte na Selic entre março e abril, mas não descarta um início em janeiro.
O economista Fabio Romão, da 4intelligence, considera que a projeção do IPCA a 4,5% em 2025 será a mais frequente no mercado, visto que o cenário para ela se concretizar ficou mais provável.
“Certamente as apostas de o primeiro corte na Selic ser em janeiro vão crescer, mas ainda não veremos uma moderação no mercado de trabalho neste ano”, observa.
Para ele, o IPCA deve fechar abaixo da meta — a projeção da 4intelligence é de alta de 4,52% — mas os serviços devem continuar em níveis incômodos para o BC, rodando em 6% no fim deste ano. Para 2026, o economista projeta IPCA de 4,2% e inflação de serviços de 5,4%.
“É mais difícil ver uma descompressão em serviços como vimos em alimentação”, diz. A 4intelligence projeta o primeiro corte na Selic em março de 2026 de 0,25 ponto porcentual.
O economista Alexandre Maluf, da XP Investimentos, também avalia que o cumprimento do teto da meta da inflação aumenta a aposta de corte no juro básico em janeiro.
“O cenário ainda está aberto, contudo, com as incertezas fiscais e o ciclo de cortes do Federal Reserve”, pontua. A corretora mantém o call de início do afrouxamento monetário em março, com uma redução de 0,50 ponto.
Ele também aponta que a melhora qualitativa da inflação de serviços traz certo alívio para o Banco Central. “Existia uma desancoragem, essa inflação de serviços rodou perto de 8%”, diz.
“Mas será difícil ver uma inflação consistentemente na meta com tantos estímulos fiscais e de crédito contratados para 2026”, pondera.
Fonte: R7