A Unidade Técnica do Ibama no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (SP), apreendeu duas cargas contendo partes e membros de animais silvestres protegidos por convenções internacionais. O caso ocorreu no último dia 18 durante fiscalização de rotina.
Entre os itens apreendidos estavam oito partes da espécie girafa-do-norte (Giraffa camelopardalis) — incluindo crânio, capa, mandíbula e quatro ossos das pernas — e um troféu de caça da espécie leão-africano (Panthera leo). Ambas as espécies estão listadas no Anexo II da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (Cites), da qual o Brasil é signatário.
As apreensões ocorreram devido à ausência da Licença Cites, documento obrigatório emitido pelo Ibama, autoridade administrativa brasileira responsável pela regulamentação do comércio internacional de espécies ameaçadas.
O que é a Cites?
A Cites (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens Ameaçadas de Extinção) é um acordo internacional entre governos, que tem como objetivo garantir que o comércio internacional de animais e plantas silvestres não represente ameaça à sobrevivência das espécies. O tratado estabelece níveis de proteção por meio de três anexos, conforme o grau de risco de extinção. O Brasil é signatário desde 1975 e atua como autoridade emissora das licenças para exportação e importação de exemplares ou partes de espécies listadas.
Impactos ambientais do tráfico de fauna
O comércio ilegal de animais silvestres e de seus derivados está entre os crimes ambientais mais lucrativos do mundo, com impactos profundos sobre os ecossistemas. A retirada de indivíduos da natureza desequilibra cadeias alimentares, ameaça a sobrevivência de espécies inteiras e pode favorecer a propagação de doenças zoonóticas. O tráfico alimenta uma séria ameaça à biodiversidade global.
Os espécimes apreendidos permanecem sob guarda do Ibama e aguardam os trâmites administrativos para definição de sua destinação, conforme os protocolos internacionais e a legislação ambiental vigente.
Histórico de fiscalizações no aeroporto
O aeroporto de Guarulhos é ponto estratégico de fiscalização ambiental no país. Em ações anteriores, o Ibama já apreendeu itens ilegais em voos internacionais, como:
Junho de 20025 - Ibama apreende mais de 2 toneladas de pescado ilegal no Aeroporto de Guarulhos (SP)
Novembro de 2024 – Adornos com penas de psitacídeos em bagagem de passageira vinda da França. As penas foram destruídas e a responsável multada em R$ 27 mil.
Setembro de 2023 – Remessas ilegais com crânios de animais empalhados e bile de urso, interceptadas na Operação Hermes.