Ausência de Milei é "bobagem imensa" e Argentina precisa do Mercosul, diz Lula

Presidente argentino não foi à cúpula de chefes de Estado do bloco; reunião ocorreu nesta segunda no Paraguai

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou a ausência do presidente argentino, Javier Milei, na 64ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, que ocorreu em Assunção, capital do Paraguai, nesta segunda (8). A jornalistas, depois do encontro, Lula declarou que a falta do argentino “não interessa” e que a decisão de Milei de não ir ao evento é uma “bobagem imensa”.

“É uma bobagem imensa um presidente de um país importante como a Argentina não participar de uma reunião com o Mercosul. É triste para a Argentina. Uma coisa é verdade, nós do Mercosul vamos tentar, estamos trabalhando o fortalecimento do Mercosul com a Argentina, porque acreditamos na importância da Argentina, país extremamente importante para o sucesso do Mercosul. Se o presidente participa ou não, não interessa. O que interessa é que o povo argentino precisa do Mercosul e o Mercosul precisa do povo argentino”, afirmou Lula.

  
Presidente Lula Ricardo Stuckert
 
 
 

Milei cancelou a ida à cúpula do bloco sul-americano, mas compareceu à CPAC (Conferência de Ação Política Conservadora), nesse domingo (7), em Balneário Camboriú (SC), onde discursou. Segundo o porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, a desistência de ir à reunião do Mercosul não tem relação com um possível incômodo de Milei com Lula, ideologicamente divergentes.

Sobre a ida do argentino ao encontro conservador, o presidente brasileiro afirmou “não ter interesse”. “É o tipo de reunião que não me interessa, sinceramente. Acho que no final das contas o presidente [Milei] perdeu tempo fazendo uma coisa tão desagradável, antissocial, antipovo e antidemocrático. Não sei o que as pessoas ganham participando disso”, criticou.

Mais cedo, em discurso durante a cúpula, Lula voltou a repudiar a tentativa de golpe na Bolívia e alfinetou o argentino Javier Milei, ausente no evento, ao condenar “experiências ultraliberais” na América Latina. O chefe do Executivo brasileiro falou também de temas como meio ambiente, inserção econômica e acordos comerciais.

Encontro

A cúpula entre os países do bloco sul-americanos formalizou a entrada da Bolívia no Mercosul. O ato ocorreu depois de uma tentativa de golpe de Estado no país, liderada por militares. Recentemente, o presidente boliviano, Luis Arce, promulgou a lei que confirma a Bolívia como membro-pleno do Mercosul.

Confirmado o ingresso, o bloco passará a ter 300 milhões de habitantes, extensão territorial de 13,8 milhões de km² e PIB (Produto Interno Bruto) total de US$ 3,5 trilhões. A partir da ratificação, a Bolívia ainda terá quatro anos para concluir o processo de adesão e adotar as normas do bloco.

“Com a integração da Bolívia, nós estamos efetivamente nos aproximando de realizar o sonho da integração entre Atlântico e Pacífico. Vai ser apresentado aos ministros de Planejamento de todos os países. Vamos ter uma boa quantia de dinheiro para poder cumprir esse sonho da nossa integração física”, afirmou Lula sobre o tema.