No Brasil, 25 pessoas morrem por dia em acidentes domésticos

Queda é a principal causa de morte, seguida de engasgo e choque elétrico; veja dicas e cuidados

No ano passado, uma média de 25 pessoas morreram por dia em acidentes domésticos no Brasil. Ao todo, foram 9,3 mil casos de mortes, segundo dados do Ministério da Saúde. O número preliminar demonstra uma redução em relação a 2022, mas ainda assim o ano passado teve o segundo maior número de registros dos últimos dez anos. As principais causas são quedas do mesmo nível, com tropeços ou passo em falso, totalizando 5 mil casos.

Logo depois, aparecem mortes causadas por engasgo (764 casos), quedas de escadas, de degraus ou para fora de edifícios (568); ingestão de conteúdo gástrico (366) e choque elétrico (346). Segundo o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, com ações básicas de primeiros socorros é possível minimizar os riscos e agir com eficácia durante as emergências.

  
Acidente doméstico
Reprodução
 
 
 

“As quedas são uma das causas mais frequentes de acidentes domésticos, especialmente entre idosos e crianças. Crianças por estarem em fase de exploração, e idosos, devido à fragilidade física e dificuldade de mobilidade”, explica o Corpo de Bombeiros.

A corporação orienta que o ideal é manter, por exemplo, o piso seco, livre de obstáculos que possam causar tropeços como objetos de decoração, fios, tapetes e brinquedos. Além disso, o ambiente deve ter uma boa iluminação e a pessoa deve optar por calçados com sola antiderrapante, instalar barras de apoio em banheiros, escadas e passagens de desníveis, principalmente se convive com pessoas idosas.

A geriatra Priscilla Mussi, coordenadora de Geriatria do Hospital Santa Lúcia em Brasília, acrescenta a orientação do uso de calçados fechados. “O segundo ponto é sempre tirar os tapetes de casa. Se tem, por exemplo, piso de cerâmica ou granito, ver se o ambiente está seco antes de pisar nele, porque temos alto risco de deslizamento quando há água no local”, explica.

Além das barras de adaptação, a médica alerta: “evite subir em banquinho ou cadeira”. “Tente pedir para outra pessoa fazer isso. Quando alguém sobe no banquinho, há o risco de instabilizar a posição. Realmente, a maioria dos acidentes é dentro de casa. É importante também sempre conversar com o idoso para ele usar os mecanismos adaptativos se necessários, como bengala ou o andador”, pontua.

Cuidados extras

No caso de idosos, a geriatra também explica ser necessário tomar cuidado com as medicações. “Avaliar se as medicações não estão em excesso ou se estão sendo tomadas de maneira errada que possa dar sonolência. Às vezes tem idoso que acha que se tomar o remédio da noite durante o dia vai só acalmar, mas não, pode ficar tonto, pode ter outras complicações e acabar caindo. Então, isso também é algo muito importante, avaliar essa quantidade de remédios e como são tomados”, afirma. A médica também pontua a importância de beber bastante água. “Sempre se hidratar bem, pois uma das principais causas de tontura no idoso é falta de água”, alerta.

Em casos de quedas, no entanto, o Corpo de Bombeiros orienta avaliar a gravidade das lesões da vítima. “Não faça nenhuma movimentação com a pessoa se houver suspeita de lesão na coluna vertebral, mantenha-a imóvel, segura e, se o idoso estiver consciente, o oriente para que não se mova até a chegada do socorro. Caso esteja inconsciente e não respire, inicie a reanimação cardiopulmonar imediatamente e solicite ajuda pelo 193″, informa a corporação.

Priscilla reforça que ao encontrar um idoso caído no chão as primeiras recomendações são avaliar a altura da queda e a consciência do idoso. “Se ele tiver caído e sem nível de consciência, chame o Samu imediatamente. Se for uma queda de um banquinho ou que escorregou no tapete, a orientação é ver se o idoso está machucado, sangrando ou com algum hematoma ou ferimento. Se não, levanta ele com todo o cuidado e leve-o ao hospital”, explica.

A médica acrescenta que é muito comum o idoso cair, por exemplo, na calçada e depois começar a sentir uma dor torácica. “Pode haver uma fratura na costela. Então o idoso deve ser sempre avaliado por um médico. Os idosos têm baixa massa muscular e baixa massa de gordura, normal do envelhecimento, o que traz um impacto maior e o maior risco de fratura, contusão, estiramento e ruptura de ligamentos, por exemplo”, enumera.

Outros acidentes domésticos

O Corpo de Bombeiros também alerta para os riscos dos choques elétricos, que podem ocorrer devido a contatos com fios expostos ou aparelhos danificados.

“Medidas simples como usar protetores de tomadas, manter fios e cabos em boas condições e evitar sobrecarregar tomadas, são ações importantes para evitar esses tipos de acidentes. Como prevenção também é importante não utilizar aparelhos elétricos com as mãos molhadas e pés descalços. Certifique-se de que os aparelhos estejam devidamente aterrados”, orienta.

Em caso de choque elétrico, a primeira coisa a fazer é desligar a fonte de eletricidade antes de tocar diretamente na vítima. “Após garantir a segurança, se a vítima estiver inconsciente e sem sinais vitais, inicie imediatamente a reanimação cardiopulmonar e solicite ajuda pelo 193″, explicam