O projeto Pífano na Periferia é uma iniciativa cultural que promove inclusão social e valorização da identidade nordestina na zona norte de Teresina. Voltado para jovens com idade entre 15 e 29 anos em situação de vulnerabilidade social, o programa oferece oficinas gratuitas de fabricação e prática do pífano, instrumento de sopro tradicional do Nordeste, como ferramenta de transformação pessoal, estímulo à criatividade e fortalecimento dos vínculos comunitários. A proposta vai além da música: ela busca despertar talentos, resgatar tradições e abrir caminhos para novas oportunidades.
Realizado na Escola de Música Eficiente, localizada no bairro Mocambinho, o projeto conta com o apoio da Lei Aldir Blanc, da Secretaria de Cultura do Estado do Piauí, do Ministério da Cultura e do Governo Federal. A primeira edição, em 2025, contempla 15 alunos selecionados por critérios de renda e residência na região norte da capital. Com carga horária de 48 horas, distribuídas ao longo de 12 sábados, os encontros acontecem das 8h às 12h e combinam teoria musical, prática instrumental e atividades de construção do próprio pífano.
Foto: Leo Abreu
Os participantes recebem uma estrutura completa para garantir o aproveitamento das aulas: fardamento, lanche, instrumento confeccionado por eles mesmos e uma ajuda de custo de R$ 600. O coordenador do projeto, Edmilson Abreu, explica que o processo de fabricação do pífano é uma das primeiras etapas do curso. “Começamos com teoria básica, depois escolhemos o material e fazemos os furos. Depois, os alunos já saem com seus próprios pífanos prontos, feitos por eles mesmos. É muito gratificante ver isso acontecer”, afirma.
Além do aprendizado musical, o projeto proporciona experiências emocionantes e significativas para os jovens. João Gabriel Souza, de 15 anos, que é autista, encontrou na música uma forma de expressão e bem-estar. O ambiente acolhedor e o contato com o instrumento contribuem para seu desenvolvimento pessoal. “Gosto bastante de tocar música aqui. Acho que, por enquanto, o mais legal é aprender a tocar e também o processo de fazer o pífano”, compartilha.
Outro aspecto marcante do projeto é o envolvimento da comunidade. Os familiares dos alunos participam ativamente das atividades e criam um ambiente de apoio e integração. “Os pais que acompanham os filhos, perguntam se podem ficar e nós permitimos. Está havendo um entrosamento muito bonito entre alunos, mestres e famílias”, destaca o coordenador.
Pedro Rênio, um dos alunos, relata como o projeto tem impactado positivamente sua rotina. “Conheci pela internet e me inscrevi. A música serve como terapia, como distração. O melhor das aulas é confeccionar o pífano e aprender sobre notas e teoria musical”, conta. Para ele, o contato com a música tem sido uma forma de aliviar tensões e desenvolver novas habilidades.