Haddad diz que queda do dólar e safra ‘muito forte’ ajudam a reduzir preço dos alimentos

Ministro da Fazenda conta que tem recebido diversos relatos do agronegócio indicando uma boa colheita neste ano

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (4) que a queda do dólar e uma eventual safra muito forte são dois fatores que podem ajudar a reduzir o impacto da inflação no preço dos alimentos. Até o momento, o governo federal ainda não apresentou uma medida para frear a alta no custo dos produtos, que afeta principalmente o orçamento das famílias mais pobres.

“O dólar estava a R$ 6,10 e agora tá R$ 5,80. Isso ajuda muito. [Com a] ação do Banco Central, a ação do Ministério da Fazenda, essas variáveis macroeconômicas se acomodam em outro patamar e isso certamente vai favorecer. E estou muito confiante que a safra desse ano, pelos relatos que tenho tido do pessoal do agronegócio, vai ser uma safra muito forte e isso também vai ajudar”, afirmou Haddad.

  
Safra e dólar vão ajudar na alta do preço dos alimentos, diz Haddad Diogo Zacarias/ MF
 
 
 

A declaração foi dada pelo ministro após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Haddad foi questionado sobre a ata divulgada mais cedo pelo Banco Central. O documento cita que o cenário de inflação no curto prazo segue adverso e um dos principais pontos é a alta significativa dos alimentos. O episódio é explicado em função da estiagem observada ao longo do ano e da elevação dos preços das carnes.

Ata do Copom

No documento, a parte técnica do BC argumenta que a inflação deve permanecer acima do limite nos próximos seis meses. Além disso, o órgão monetário contou que a decisão de aumentar a taxa de juros em 1 ponto percentual foi unânime e contou com o apoio de Gabriel Galípolo, novo presidente da instituição e indicado por Lula. Os membros falaram ainda em manutenção da taxa em março.

“[O comitê] entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, afirma o documento.

Haddad foi questionado sobre a meta e argumentou que a mudança no sistema permite essa acomodação. “Nós temos uma meta contínua e isso faz com que o Banco Central possa apresentar um plano de trabalho consistente para trazer a inflação para a meta com mais racionalidade do que acontecia antes da mudança do regime de metas. A meta contínua permite uma melhor acomodação, e eu penso que o BC vai ter tempo de analisar o patamar de juro restritivo, se vai manter, e por quanto tempo, para conseguir esse objetivo.”