A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) encerra 2025 com o maior avanço já registrado na política estadual de fomento à formação científica. O ano foi marcado por um salto expressivo nos investimentos em bolsas de pós-graduação e iniciação científica, resultado de uma estratégia do governo para posicionar o Piauí entre os principais polos de produção de conhecimento do Nordeste.
O movimento ganhou força em maio, quando a Fapepi lançou o maior edital de pós-graduação da sua história. O Programa de Apoio à Pós-Graduação Stricto Sensu (PAPG 2025) destinou R$ 16,8 milhões à concessão de bolsas de mestrado e doutorado, praticamente dobrando o montante da edição anterior, que havia investido R$ 8,9 milhões em 2024.
Além do investimento recorde, o número de bolsas ofertadas também atingiu patamar inédito: foram 216 de mestrado e 40 de doutorado, totalizando 256, exatamente o dobro das 126 disponibilizadas em 2024.
O diretor técnico-científico da Fapepi, Pedro Soares, a ampliação reposiciona o estado no cenário regional e reforça a disputa por protagonismo científico no Nordeste. “Com esses números, o Piauí se coloca entre os primeiros estados da região em concessão de bolsas quando comparado ao número de alunos de pós-graduação. Nossa meta é estar entre os estados que mais investem em ciência, pesquisa e desenvolvimento”, afirma o diretor.
O edital recebeu propostas que pleitearam 297 bolsas, sinal do aquecimento do ambiente acadêmico local. Ao final da seleção, mais de 80% das bolsas foram destinadas a projetos voltados para pesquisa aplicada, em temas estratégicos para o desenvolvimento dos territórios piauienses.
As bolsas contemplam programas da Ufpi (Teresina, Picos e Floriano), Uespi (Teresina, Piripiri e Parnaíba), UFDPar (Parnaíba), Ifpi (Teresina, Parnaíba e Picos) e Univasf (São Raimundo Nonato). A prioridade recaiu sobre temas alinhados às potencialidades regionais, em sintonia com a diretriz da Fapepi de fortalecer programas emergentes e reduzir desigualdades territoriais.
O impacto dos investimentos já aparece no percurso de jovens pesquisadores. A pesquisadora, Andréia Macêdo, da Fundação Museu do Homem Americano, relata que bolsas recebidas ao longo de sua trajetória, entre CNPq, Capes e Fapepi, foram decisivas para sustentar suas pesquisas na Serra da Capivara. “Esse apoio demonstra a importância do fomento para impulsionar pesquisas na região e para a formação de pesquisadores locais”, aponta a pesquisadora.
Graduação cresce e bate recorde de bolsas de iniciação científica
A política de expansão também alcançou a graduação. Após investir R$ 1,68 milhão em 200 bolsas de iniciação científica em 2024, a Fapepi ampliou o alcance em 2025: foram 300 bolsas distribuídas entre os 12 Territórios de Desenvolvimento do Estado, totalizando R$ 2,52 milhões. O resultado final, divulgado em novembro, selecionou 300 propostas entre 399 submetidas, índice que reflete o crescente interesse pela pesquisa entre estudantes de graduação.
Os projetos abarcam áreas prioritárias como agropecuária, meio ambiente, tecnologia da informação e mineração, além de temas livres, e são executados por pesquisadores da Ufpi, Uespi, Ifpi, Univasf e Embrapa.
Segundo o presidente da Fapepi, João Xavier, o investimento renova o compromisso estadual com a formação científica desde os primeiros anos da vida universitária. “Reconhecemos a importância estratégica de apoiar jovens pesquisadores. É na graduação que muitos descobrem sua vocação para a ciência”, destaca o presidente.
O ex-bolsista Ítalo José, do município de Angical, relata que a iniciação científica foi decisiva para sua formação. “A bolsa me deu o primeiro contato com artigos científicos, que depois se tornou fundamental na vida acadêmica. Além disso, teve impacto financeiro importante, contribuindo para inclusão social”, afirma o estudante.
A professora Alessandra Braga, do IFPI de Angical, participou de editais anteriores e reforça o efeito multiplicador do programa. “Na época, foram cerca de 21 bolsas para nossos alunos. Isso marcou a trajetória deles. Hoje, vemos muitos deles atuando como advogados, engenheiros, médicos e professores”, afirma a professora.
Uma política de Estado
Entre 2022 e 2024, a Fapepi já havia ampliado em 90% o número de bolsas ofertadas. Para os próximos anos, a meta é continuar com a expansão do número de bolsas concedidas na maioria dos territórios de desenvolvimento.
De acordo com a Fundação, o resultado coloca o órgão no centro da estratégia estadual para consolidar o Piauí como referência em pesquisa, ciência e tecnologia, um movimento que se fortalece em um contexto nacional de retomada do investimento público no setor.