A escultura de uma vaca magra amarela, instalada em frente ao prédio da Bolsa de Valores, no Centro de São Paulo, em um protesto contra à fome e a desigualdade social no país, foi retirada pelos idealizadores da ação cerca de cinco horas após ser colocada no local. O motivo: evitar que ela fosse apreendida pela Polícia Militar.
A intervenção foi realizada pelo produtor e ativista Rafael Rasmoke, em parceria com a artista plástica cearense Márcia Pinheiro.
A 'vaca magra' é também uma crítica direta ao 'Touro do Ouro' que tinha sido colocado no espaço e foi posteriormente retirado pela prefeitura por falta de licença.
Ao g1, Rafael contou que instalou a escultura por volta das 7h30 desta quinta. No chão, também foram afixados cartazes sobre a ação. Ele permaneceu no local fazendo registros em fotos e vídeos da reação das pessoas. E correu retirar a obra ao notar a chegada da PM.
Antes dos policiais, funcionários da prefeitura estiveram no local e removeram os cartazes que estavam no chão explicando sobre a intervenção.
"Eles já chegaram com um carro para retirar a obra, então, eu acabei tendo que agir com rapidez. Senão, a artista poderia perder a obra", conta.
Rafael foi abordado pelos policiais, mas foi liberado logo em seguida. A obra ficará guardada em um galpão até a próxima intervenção.
A obra faz parte de um projeto de cunho social desenvolvido pela artista cearense Márcia Pinheiro. Em sua conta nas redes sociais, ela postou logo pela manhã uma foto com os dizeres: "É hoje. Chegando".
Rafael foi procurado pela artista para ajudar a viabilizar a ação em São Paulo. Ele afirma que novas intervenções ainda serão feitas com a escultura, mas que o objetivo final é vender a obra e doar o valor a uma Organização Não Governamental.
"Vai ter mais duas ações e depois vai ser vendida e o valor doado para alimentos para uma ONG. É uma critica à fome, os valores não vão para a artista", explica.
A ação, chamada "vacas magras", já foi realizada em outras cidades, como Fortaleza, onde a escultura, pintada de branco, foi colocada em frente à sede da Secretaria de Educação do Ceará.
Alvo de protestos, a estátua do Touro de Ouro violou Lei Cidade Limpa e não tinha autorização da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU) para ser instalada, como revelou o g1.
Durante o período em que ficou no local, grupos realizaram protestos contra a fome e a desigualdade social.
Após a retirada, a Subprefeitura da Sé multou em R$ 38 mil a empresa DMAIS Arquitetura e Construção, responsável pela implantação do touro. O arquiteto responsável pelo projeto do monumento pediu que a decisão da comissão seja reavaliada.
A multa foi recomendada pela própria CPPU, que deliberou que os responsáveis pela obra deveriam ter submetido a estátua ao colegiado com 30 dias de antecedência da instalação, como manda a legislação urbana da cidade.