O ex-presidente Jair Bolsonaro voltará ao centro cirúrgico nesta segunda-feira (29) para mais um procedimento médico, o 10º desde o atentado sofrido em 2018.
A intervenção ocorre em meio ao período de recuperação de uma cirurgia de hérnia inguinal bilateral, realizada no dia de Natal, e tem como objetivo conter uma crise intensa e contínua de soluços, considerada preocupante pela equipe médica.
O desconforto, segundo os profissionais responsáveis pelo acompanhamento clínico, não guarda relação direta com a cirurgia da hérnia.
Ainda assim, as contrações repetidas têm provocado cansaço, prejuízo ao descanso e impacto na recuperação, o que levou à adoção de um procedimento específico para interromper os espasmos.
A técnica utilizada recebe o nome de bloqueio anestésico do nervo frênico. O método envolve a aplicação de anestésico local para tentar interromper o estímulo nervoso responsável pelos soluços.
A primeira aplicação ocorreu no sábado (27), no lado direito, e apresentou resposta inicial considerada positiva.
Médicos ressaltam que a intervenção não se enquadra como cirurgia convencional e não altera, até o momento, a estimativa de alta hospitalar. A liberação segue condicionada à recuperação funcional, incluindo autonomia para alimentação, higiene pessoal e mobilidade.
Histórico clínico complexo
O quadro de soluços vem sendo relatado pela família desde o início do mês. Em publicações recentes, o vereador Carlos Bolsonaro descreveu episódios frequentes, com dezenas de contrações por hora, classificados como persistentes e resistentes a abordagens iniciais.
Além do problema atual, laudos médicos encaminhados ao STF (Supremo Tribunal Federal) apontam uma série de condições clínicas associadas ao histórico de saúde do ex-presidente.
Entre elas estão refluxo gastroesofágico com esofagite, hipertensão arterial, doença aterosclerótica do coração, estreitamento de carótidas, apneia do sono, anemia por deficiência de ferro e um diagnóstico anterior de carcinoma de células escamosas, tipo de câncer de pele.
Também constam registros de múltiplas hérnias, tratadas ao longo dos últimos anos, com necessidade de acompanhamento contínuo. Os soluços incoercíveis aparecem descritos como associados a refluxos intensos e episódios de vômito, exigindo uso de medicamentos com ação no sistema nervoso central.
Recuperação da cirurgia de hérnia
Bolsonaro permanece em recuperação da cirurgia realizada no dia 25 para correção de hérnia inguinal bilateral, condição ligada à fragilidade dos tecidos abdominais. O problema costuma provocar dor, inchaço e desconforto na região da virilha, sobretudo durante esforço físico.
De acordo com a equipe médica, o procedimento transcorreu dentro do esperado. O pós-operatório inclui sessões de fisioterapia e uso de medicação preventiva contra trombose.
A expectativa inicial aponta para internação de até sete dias, prazo que pode se estender até a virada do ano, dependendo da evolução clínica.
Após a alta hospitalar, médicos planejam manter acompanhamento rigoroso do estado de saúde. O monitoramento deverá seguir na unidade da Polícia Federal onde Bolsonaro permanece custodiado desde 22 de novembro, conforme determinações judiciais.