Lula pede demissão de presidente do INSS, após operação da PF por fraudes

Stefanutto foi afastado do cargo, por decisão judicial, suspeito de envolvimento em esquema de descontos irregulares em benefícios

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta quarta-feira (23) a demissão do presidente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), Alessandro Stefanutto, alvo de uma operação da Polícia Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União). O R7 confirmou a informação com fontes próximas ao assunto. Ele é investigado por suspeita de envolvimento em um esquema de descontos irregulares em benefícios previdenciários e foi afastado do cargo mais cedo nesta quarta, por decisão judicial.

Stefanutto é um dos alvos de mandados de busca e apreensão da Operação Sem Desconto. Servidor de carreira do INSS desde 2000, ele ocupava a presidência do órgão desde julho de 2023.

  
Alessandro Stefanutto foi alvo de operação da PF e da CGU
Bruno Peres/ Agência Brasil
 
 
 

Segundo a PF, o esquema operava por meio de entidades associativas, que realizavam cobranças não autorizadas sobre aposentadorias e pensões de beneficiários do INSS.

A operação apura prejuízos que podem ultrapassar R$ 6 bilhões entre 2019 e 2024, relacionados a mensalidades associativas cobradas sem consentimento dos aposentados e pensionistas.

Cerca de 700 policiais federais e 80 servidores da CGU cumprem 211 mandados judiciais, incluindo ordens de busca e apreensão, sequestro de bens avaliados em mais de R$ 1 bilhão e seis mandados de prisão temporária.

Entenda

A operação ocorre no Distrito Federal e em 14 estados: Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. Seis servidores públicos também foram afastados de suas funções por decisão judicial.

Os investigados poderão responder por corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documentos, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Pelo fato de o presidente afastado do INSS, Alessandro Stefanutto, ser filiado ao PSB, o partido divulgou uma nota oficial em que esclarece não ter indicado o nome dele para o cargo. A legenda também declarou apoio à apuração dos fatos e afirmou esperar que as denúncias sejam esclarecidas, com respeito ao devido processo legal e ao amplo direito de defesa.

A reportagem entrou em contato com o INSS e o Ministério da Previdência Social, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria. O espaço permanece aberto para manifestações.

Ministro assume responsabilidade

Após a declaração do PSB, O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, afirmou que a escolha de Alessandro Stefanutto para a presidência do INSS foi de sua “inteira responsabilidade”. Carlos Lupi também declarou que não tolerará irregularidades dentro da pasta.

“A indicação do Stefanutto é da minha inteira responsabilidade. Vamos agora aguardar o processo, que corre sob segredo de Justiça”, declarou. “Quero punir exemplarmente qualquer cidadão ou cidadã que tenha cometido erros, malfeitos ou crimes”, acrescentou o ministro.