Mais de 220 pessoas foram vítimas de tráfico para trabalho análogo à escravidão no Piauí

Dados, apurados pelo A10+, são referentes ao ano de 2022 até julho de 2023

No Piauí, 223 pessoas foram resgatadas em trabalho análogo à escravidão do ano de 2022 até julho de 2023. Os dados, apurados pelo A10+, são fruto de uma análise qualitativa dos relatórios de fiscalização elaborados pelos auditores-fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego.

O relatório aponta 15 municípios com maior número de trabalhadores vítimas de trabalho análogo ao de escravo com indício de tráfico de pessoas no estado. São eles: Amarante, Canto do Buriti, Santa Filomena, Flores do Piauí, Castelo do Piauí, Isaías Coelho, Palmeira do Piauí, Altos, Buriti dos Lopes, Cristino Castro, Piracuruca, Currais, Patos do Piauí e Batalha.

  

Fiscalização resgata trabalhadores em situação análoga à escravidão no Piauí
Reprodução

   

Outro dado é sobre a maior origem de trabalhadores vítimas de tráfico de pessoas para fins de exploração de trabalho análogo ao de escravo. O documento destaca 15 municípios: Pimenteiras, Floriano, Bom Jesus, União, Itaueira, Inhuma, Palmeiras, Cristino Castro, Itainopolis, Oeiras, Curralinhos, Nazária, Baixa Grande do Ribeiro, Beneditinos e Alto Longá.

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A Organização das Nações Unidas (ONU), no Protocolo de Palermo, define o tráfico de pessoas como atividade que envolve diversas formas de coação e exploração, como trabalho forçado, condições análogas à escravidão, servidão e exploração sexual.

De forma nacional, um dado alarmante ressaltado no relatório, demonstra que 58% dos casos identificados nas operações são de tráfico interestadual de pessoas, sendo a maioria das vítimas composta por homens (93%) - predominantemente de etnia preta ou parda (85%), com baixa escolaridade, 23% com até o 5º ano incompleto e 7% analfabetos. Outro aspecto ainda mais preocupante, é que 46 vítimas tinham entre 13 e 17 anos quando resgatados.

Para atuar de forma mais abrangente na questão do tráfico de pessoas, a Inspeção do Trabalho incorporou a temática em suas rotinas de fiscalização, integrando-a ao III Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas 2018-2022. A partir de então, vem alimentando os resultados no Radar do Tráfico de Pessoas - um Painel de Informações e Estatísticas da Inspeção do Trabalho no Brasil.