O Piauí deve enfrentar um trimestre com poucas chuvas e temperaturas acima da média histórica, conforme aponta a previsão climática sazonal para os meses de maio, junho e julho de 2025, divulgada pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (Semarh), em parceria com centros de meteorologia do Nordeste.
A maior preocupação se concentra no Norte do estado, onde normalmente ainda ocorre precipitação nesse período. A previsão é de que os volumes de chuva fiquem abaixo da média climatológica, o que pode impactar a agricultura, o abastecimento de água e outros setores dependentes das condições climáticas. Já o Sul do estado, que está fora do período chuvoso, deverá manter os baixos índices de precipitação habituais para essa época do ano.
Segundo a climatologista da Semarh, Sara Cardoso, o cenário está diretamente relacionado às condições oceânicas e atmosféricas globais. “Estamos sob uma condição de neutralidade da La Ninã no Oceano Pacífico, com resfriamento e aquecimento anômalo em áreas distintas além do aquecimento das águas do Atlântico equatorial. Isso reduz a formação de sistemas que favorecem chuvas no norte do Piauí esperadas para esta época do ano”, explica.
A previsão é semelhante para outros estados da região, como Maranhão, Ceará, Pernambuco, Bahia, Alagoas e Sergipe, onde grandes áreas devem receber chuvas dentro da faixa normal ou abaixo dela. Apenas o litoral leste nordestino — incluindo partes da Paraíba, Sergipe, Alagoas e o próprio Piauí — tem chance de registrar volumes de chuva próximos à média, pois estão na estação climatológica de chuvas.
Outro fator preocupante é o calor. Modelos climáticos indicam que as temperaturas no Piauí devem ficar acima da média no trimestre, especialmente no semiárido do Sul do estado, onde as máximas podem ultrapassar os 34°C. “O aumento da temperatura, aliado à redução das chuvas, pode intensificar os efeitos da seca e exigir ações de adaptação tanto no campo quanto nas cidades”, alerta a climatologista.
O boletim climático sazonal foi elaborado, após reunião técnica virtual com meteorologistas de todos os estados do Nordeste e considera dados de instituições como o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o CPTEC/INPE e a FUNCEME. A Semarh orienta a população e os gestores públicos a acompanharem os próximos boletins e reforça a importância do uso consciente da água, principalmente nas regiões mais afetadas pela estiagem.