(Atualizada às 18h36)
"Era pra estar salvando vidas e destruiu a minha. Nunca mais eu vou ter o meu psicológico bem novamente”, desabafou a jornalista Yara Ataide em entrevista à TV Antena 10, na tarde desta quinta-feira (19), horas após divulgar que foi agredida, durante sete meses, pelo ex-companheiro, o sargento do Corpo de Bombeiros do Piauí, Gilvan de Freitas Rodrigues.
Ainda abalada com a situação, Yara relatou que, mesmo após divulgar o caso, recebeu novas ameaças do ex-companheiro. Um novo vídeo obtido pelo A10+ mostra o exato momento que a vítima é agredida pelo sargento na porta de uma residência e na companhia dos filhos. As imagens foram gravadas na tarde de quarta-feira (18).
“A gota d’água foi ontem. Ele foi com uma mulher na minha porta e me agrediu, me enforcou, passou quase 20 minutos, inclusive, na frente das crianças. Eu estou com pescoço todo dolorido. Ele sabe que na minha casa tem câmeras em todos os lugares e ele não tem medo. Ele não tem medo da justiça, da polícia, da corporação, de nada", desabafou.
Yara contou à TV Antena 10 que o ex-companheiro começou a mostrar seu lado agressivo depois que eles foram morar juntos. De acordo com seu relato, ela foi agredida pela primeira vez após um jantar entre amigos.
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"A primeira agressão eu estava em casa e foi após uma bebedeira com amigos. Ele usa uma máscara, todo mundo acha ele uma pessoa extrovertida, mas se eu não tivesse postado o vídeo, eu acho que as pessoas me julgariam e não acreditariam em mim. Ele (fora de casa) é uma pessoa exemplar, solicito, mas não é de verdade. Só eu sei que passei nesses sete anos. Eu conheço a verdadeira face dele”, contou.
Durante os sete anos que viveram juntos, Yara Ataide foi agredida diversas vezes e que, segundo ela, o ex-companheiro chegou a ser preso por agredí-la em público. “Ele já foi preso em flagrante me agredindo em via pública no ano passado. Era socos, puxão de cabelo, ameaça, inclusive ele já chegou a me agredir de resguardo da minha menor, que tem dois anos”, narrou.
Ainda em entrevista à TV Antena 10, Yara não segurou as lágrimas ao relatar que chegou a ser agredida na frente dos filhos e destacou que está tentado ser forte para que eles não sejam afetados. “Eu estou tentando ser forte na frente deles, tentando não chorar... por mais que o * (Filho mais velho do casal) já entenda várias coisas, mas eu estou tentando ser forte”, disse.
Yara Ataide contou que após a prisão do sargento no ano passado publicou nas redes sociais relatando a situação que vivia. A jornalista destacou que foi bloqueada pelo perfil do Corpo de Bombeiros em ao tentar denunciar o caso.
"Ano passado ele foi preso e fiz uma postagem, marquei o Corpo de Bombeiros e simplesmente fui bloqueada nas redes sociais. O que aconteceu é que ele sempre foi muito manipulador e eu sou dependente emocional dele, ele me mandava mensagem, pagou a fiança e sempre dizia que eu acabei com o casamento, com a vida dele, que ele ia perder a farda se fosse pro quartel e abrisse procedimento contra ele e tudo. Me manipulou, eu voltei e depois só pioraram as agressões” relatou.
Outro lado
Em nota, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Piauí (CBMEPI) informou que, na manhã desta quinta (19), tomou conhecimento das recentes imagens veiculadas na mídia envolvendo um bombeiro militar da corporação em uma lamentável cena de violência doméstica. O CBMEPI esclareceu que foi determinada a abertura de um procedimento administrativo para apurar a conduta do militar, tanto no âmbito de suas funções dentro da corporação quanto em sua vida social.
"Reiteramos que qualquer comportamento que atente contra a dignidade da pessoa humana não reflete os valores do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Piauí. Não apoiamos, incentivamos ou compactuamos com qualquer tipo de violência. O CBMEPI reafirma seu compromisso com os direitos humanos, com a proteção da integridade das mulheres e com a promoção de uma sociedade segura, baseada no respeito, dignidade e acolhimento, que são deveres de todo agente de segurança pública", diz.