Justiça decreta prisão preventiva de colombianos investigados por agiotagem e lavagem de dinheiro no Piauí

Eles integravam um grupo criminoso responsável por desaparecimentos, homicídios e pelo menos um caso de extorção

A Justiça do Piauí decretou a prisão preventiva dos colombianos integrantes de um grupo de agiotas atuantes no Piauí. Eles foram presos durante a Operação Macondo, deflagrada no último dia 11 de novembro em vários municípios do estado. Segundo a Secretaria de Segurança Pública foram cumpridos 15 mandados e 13 pessoas estão presas preventivamente.

A informação da prisão preventiva foi confirmada ao A10+ pela Secretaria de Segurança Pública do Piauí na manhã desta quarta-feira (19). Todos os presos participavam de um grupo criminoso responsável por desaparecimentos, homicídios e pelo menos um caso de extorsão que culminou em um suicídio em Teresina.

  

Operação Macondo
Divulgação

   

A Operação foi deflagrada nas cidades de Teresina, Parnaíba, Oeiras, Barras, Picos e Água Branca. Os alvos presos eram investigados pelos crimes de agiotagem e lavagem de dinheiro. Na ocasião foram bloqueados R$ 5 milhões das contadas do investigados.

Extorsão, homicídios e desaparecimentos e dinheiro de narcotráfico

Os delegados responsáveis pela operação concederam entrevista à imprensa e disseram que as investigações identificaram vários casos de ameaças. As vítimas, em sua maioria, eram pequenos comerciantes e feirantes que, por não terem acesso a crédito em grandes instituições financeiras, acabavam recorrendo aos agiotas devido à facilidade oferecida por eles.

"Então a gente tem muita ameaça, mas em destaque a gente tem um caso de homicídio em Oeiras, um caso de homicídio em Parnaíba, e esse indivíduo que se suicidou em razão de estar sendo extorquido por esses indivíduos de nacionalidade estrangeira. A gente apura o envolvimento de nacionais da Colômbia nesse desaparecimento", detalhou o delegado Yan Brayner à TV Antena 10. 

A polícia investiga a origem dos recursos utilizados pelo grupo, mas não descarta a possibilidade de que parte desse dinheiro provenha do narcotráfico, já que a Colômbia é um dos principais produtores de entorpecentes destinados ao comércio na América do Sul e entre os investigados há diversos colombianos.

O delegado Leonardo Alexandre contou que o inquérito apura um caso de extorsão que culminou em um suicídio e afirmou que um dos investigados na situação já está preso por uma outra operação deflagrada pelo Denarc.

"Essa vítima veio a cometer suicídio por conta das pressões que sofreu em razão desse grupo criminoso. Um dos investigados, o principal investigado é brasileiro, se encontra preso por outra investigação desencadeada pelo DNARC. No entanto, durante a investigação foi perceptível a presença de pessoas estrangeiras, notadamente colombianos, que faziam parte desse grupo e estariam também atuando com a ação contra essa pessoa. O que está sendo investigado é a extorsão praticada contra essa pessoa. A vítima veio a óbito, mas não apaga o crime anterior. A pressão era direcionada especificamente para o responsável pela aquisição da dívida. No entanto, os familiares têm plena consciência do fato. Inclusive foi apreendida o celular da vítima. E a partir de agora nós vamos fazer esse aprofundamento  na investigação para poder compartilhar com a equipe da S.O.I.", concluiu o delegado.

Operação Macondo

A Secretaria de Segurança Pública deflagrou, no último dia 11, a operação Macondo e cumpriu medidas judiciais contra investigados por integrarem um esquema de concessão de crédito regular (agiotagem), associado a lavagem de dinheiro e outros crimes. A Operação aconteceu nas cidades de Teresina, Parnaíba, Oeiras, Barras, Picos e Água Branca.

  

Materiais apreendidos na Operação Macondo
Divulgação

   

De acordo com a polícia, foram cumpridos 15 mandados de prisão e 18 mandados de busca e apreensão. Além disso, foi determinado bloqueio judicial de R$ 5 milhões em contas vinculadas aos investigados. 

Ainda segundo a polícia, o grupo era formado, em sua maioria, por estrangeiros vindos da Colômbia e Venezuela, e atuava oferecendo empréstimos informais a comerciantes, vendedores ambulantes e trabalhadores autônomos. Esses empréstimos eram feitos de forma imediata, sem contrato formal e com juros abusivos que ultrapassavam os 30% ao mês.