"Tu tirou meu coração, mas o teu vai bater tão descompassado daqui pra frente. Lobo em pele de cordeiro". A forte declaração é de Fernanda Rocha, mãe da jovem Gabriela Sena, de 26 anos, encontrada morta na própria residência, em Parnaíba, no litoral do Piauí, em março desse ano.
Anteriormente, o caso havia sido tratado como suicídio, no entanto os laudos periciais e cadavéricos levantados durante a investigação indicam a possibilidade de feminicídio. O principal suspeito do crime trata-se de Gabriel Lucas de Sousa Pinho, que era companheiro da vítima. Ele foi preso, temporariamente, nessa quarta-feira (09).
"Gabriel, admite. Não precisava tu tirar meu coração. Tu tirou meu coração, mas o teu vai bater tão descompassado daqui para frente. [...] O Gabriel tem não sei quantas índoles. Lobo em pele de cordeiro. Eu estou adquirindo histórias que fico passada. Ele usou minha filha de pedestal, ele não tem dom para arte, e isso ele queria dela. Ele perseguia, ela queria sair da cidade para se sair dele. Eles [Gabriel e família] estão usando histórias de brigas familiares para denegrir a imagem da minha filha", disse Fernanda em entrevista à TV Antena 10, na manhã desta quinta-feira (10).
A mãe da vítima detalhou que já havia alertado para que eles se afastassem diante das brigas constantes. "Mas ele vinha. Era uma inveja do dom que ela tem pela palavra, do amor pela poesia. Eu não vou deixar essa família prejudicar a imagem da minha filha. Todo dia me dói, eu penso nela. Não é suicídio está descartada essa hipótese, eu conversei com peritos, com o pessoal do IML. A ficha dele vai cair, ele não sabe mentir, me desculpe a palavra, mas ele é um cag*, e pode ser o melhor o advogado para montar um enredo para ele, que uma hora ele vai cair", disparou.
Após a morte da filha, Fernanda ainda recebeu mais informações sobre suposta negligência com a saúde de Gabriela. "Eu estava no hospital com minha mãe, eu não consegui presenciar, mas relatos de brigas, eu tenho, de perseguições, dela passar mal, negligência com a saúde dela, que ela é bipolar, e ele entrou sabendo", afirmou.
A mulher ainda declarou o quanto sua filha era amada por sua arte. "O povo ama a Gabi. Se ele sair, não vai ter uma vida normal aqui. Lamento", concluiu.
Investigação e prisão do suspeito
Em entrevista ao A10+, a delegada Ilana Barbosa deu detalhes da prisão de Gabriel. "Ele não confessou. Inicialmente o fato foi noticiado como suicídio, que é a versão dele, mas a gente, juntamente com os elementos de informação colhidos durante a investigação, que ainda assim, eu gosto de enfatizar aqui, foi uma prisão temporária apenas; então a gente ainda está em âmbito de investigação, ainda tem um prazo para que as investigações sejam concluídas, mas tudo ela crê, indique, com base nas testemunhas, com base em laudo cadavérico, em provas em laudos periciais do local, do fato, tudo indica que não ocorreu um suicídio apenas, e sim, na realidade, um feminicídio", destaca.
No dia do crime, Gabriel Lucas apresentava manchas de sangue e um ferimento na mão. Diante das características da cena do crime, a Perícia Criminal e a Polícia Civil trataram o caso como morte suspeita e iniciaram as investigações das circunstâncias do ocorrido. “Foi feito um pedido de prisão em busca e foram cumpridas, devidamente cumpridas, e quando as investigações encerrarem a gente encaminha tudo para o judiciário, para que as providências cabíveis sejam tomadas”, finaliza a delegada.
O caso
Gabriela Silva de Sena, de 26 anos, foi encontrada morta dentro de uma residência no bairro Cristo Rei, na cidade de Parnaíba, litoral do Piauí. Equipes policiais atenderam a ocorrência e investigam as circunstâncias do óbito, constatado pelo SAMU. No local, o companheiro da vítima foi encontrado bastante abalado. A princípio, a hipótese era de suicídio. No entanto, diante das características da cena do crime, a Perícia Criminal e a Polícia Civil tratam o caso como morte suspeita e apuram as circunstâncias do ocorrido.
O Instituto Médico Legal (IML) foi acionado para remover o corpo. O homem, que foi encontrado com manchas de sangue e um ferimento na mão, é tratado como suspeito, pois estava na residência no momento do ocorrido. Além disso, marcas teriam sido encontradas no corpo da mulher. O caso segue sob investigação.