A delegada Nathalia Figueiredo, do Núcleo de Feminicídio do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), deu detalhes, em entrevista à TV Antena 10, sobre a investigação do caso de um feto encontrado na manhã de domingo (16), no bairro Vale Quem Tem, zona Leste de Teresina. Apesar de ter sido autuada, a mulher pagou fiança e foi liberada.
Em depoimento, o motociclista por aplicativo, que localizou o feto dentro de um saco preto em uma área de matagal, afirmou que havia transportado uma passageira até a região e percebeu que ela descartou um pacote no matagal durante o trajeto. Desconfiado da atitude, retornou ao local ao amanhecer e, ao abrir o saco, constatou que se tratava de um feto do sexo feminino. A mulher já foi identificada e ouvida. Ela foi autuada por ocultação de cadáver. Informações preliminares apontam que a bebê tinha, aproximadamente, 7 meses.
“As equipes foram acionadas na manhã de ontem, sendo relatado o achado de um feto no bairro Vale Quem tem. A polícia militar teria sido acionada justamente pelo motociclista de aplicativo que teria feito a corrida dessa moça, já identificada, já foi ouvida e também ela foi flagranteada”, afirmou a delegada à TV Antena 10.
As investigações apontam que a mulher teria dado à luz durante a madrugada de sábado (15), e permanecido com o feto dentro de uma sacola durante todo o dia. Após sair do trabalho, ela solicitou um transporte por aplicativo e, já próximo de casa, descartou o saco.
"Segundo as informações, ela teria dado à luz na madrugada do sábado, permanecido com o feto dentro de uma sacola, foi trabalhar e à noite, ao sair do trabalho, pediu ao motorista através de aplicativo e próximo à sua casa teria descartado. O DHPP se deslocou, estávamos de plantão, foram realizadas diligências, localizamos a possível genitora da criança, ela foi conduzida aqui à delegacia, o motorista foi ouvido, demais testemunhas, inclusive ela, e no momento ela foi autuada por ocultação de cadáver", detalhou.
O caso segue em investigação para determinar as circunstâncias do nascimento. “Precisamos entender se essa criança nasceu viva ou morta. Caso tenha nascido morta, precisamos esclarecer se se trata de um aborto espontâneo, como ela relatou, ou um aborto criminoso. E, se nasceu viva, se houve alguma conduta criminosa após o parto. Essas respostas só serão possíveis após os laudos periciais”, destacou Nathalia Figueiredo.
A polícia solicitou exames tanto na mulher quanto no feto. No caso da suspeita, os peritos irão confirmar se ela teve um parto recente e se houve uso de alguma substância abortiva. Já no feto, os exames irão apontar se há indícios de violência e se o nascimento ocorreu com vida. Em depoimento, a mulher permaneceu em silêncio e foi acompanhada por um advogado.
"Durante o seu interrogatório ela fez uso ao seu direito condicional de permanecer calada, ela estava, inclusive, assistida por advogado. A nossa certeza em relação à ocultação veio, justamente, com uma testemunha crucial que foi o motociclista de aplicativo, mas, como eu disse, a gente segue diligências, mais pessoas serão ouvidas", disse.