O ex-presidente Jair Bolsonaro saiu da prisão pela primeira vez, nesta quarta-feira (24), para passar por uma cirurgia destinada à correção de hérnia inguinal bilateral. O procedimento foi indicado devido à persistência de dores e desconforto na região da virilha, conforme apontou o relatório pericial da PF (Polícia Federal).
Bolsonaro deixou a Superintendência da PF, onde está detido desde novembro, pouco antes das 9h30, com escolta policial e sem falar com a imprensa. Segundo a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), o ex-chefe do executivo deverá acessar o hospital pela garagem.
Segundo os médicos responsáveis, durante a internação, também deverá ser feito um bloqueio anestésico do nervo frênico, como complemento ao tratamento medicamentoso, visando atenuar as crises de soluço.
Para tratar a hérnia, foi recomendado um procedimento denominado herniorrafia inguinal convencional, técnica que consiste em reposicionar o conteúdo herniado de volta à cavidade abdominal.
Moraes autorizou a realização da cirurgia, mas determinou que as previsões do procedimento fossem encaminhadas pela defesa ao Supremo, a fim de viabilizar a logística para a liberação de Bolsonaro da Superintendência da Polícia Federal.
Perícia da PF
Segundo a perícia da PF, “apesar de existir uma possibilidade segura de tratamento não operatório (conservador/‘espera vigilante’), a maioria dos cirurgiões recomenda a intervenção cirúrgica quando da descoberta de uma hérnia inguinal”.
Os médicos responsáveis pela avaliação indicaram que a mortalidade pós-operatória é baixa.
“No entanto, a decisão entre tratamento cirúrgico ou conservador deve considerar a relação risco-benefício, levando em conta fatores como idade, comorbidades e, não menos importantes, o esclarecimento e a vontade do paciente”, destaca o laudo.
Após a avaliação, a junta médica concluiu que o procedimento deve ser “realizado o mais breve possível”, uma vez que Bolsonaro não apresentou resposta satisfatória aos tratamentos anteriores.
O relatório aponta ainda piora no sono e na alimentação, além do aumento do risco de complicações da hérnia em razão do crescimento da pressão intra-abdominal.
O que é hérnia?
A hérnia ocorre quando um órgão ou tecido sai de sua posição normal por uma abertura, ou fraqueza na parede que o envolve, sendo a parede abdominal a mais afetada.
Entre as hérnias abdominais, as da região da virilha estão entre as mais comuns e atingem principalmente homens, sobretudo idosos.
A hérnia é classificada como redutível quando o conteúdo retorna à posição original espontaneamente ou com auxílio manual.
Quando isso não ocorre, ela é considerada irredutível ou encarcerada. Caso o fluxo sanguíneo do tecido seja comprometido, a condição passa a ser chamada de hérnia estrangulada.
Na maioria dos casos, a hérnia inguinal provoca dor ou desconforto na virilha. Em alguns pacientes, há apenas um inchaço visível na região.
O diagnóstico costuma ser feito por avaliação clínica.
Ao R7, um dos médicos responsáveis pelo atendimento de Bolsonaro, Celso Birolline, explicou que, além do reposicionamento do conteúdo abdominal, o procedimento envolve a reconstrução da parede abdominal na região inguinal e o reforço do reparo com uma tela de polipropileno.
Regras para a cirurgia
A PF ficou responsável pelo transporte do ex-chefe do Executivo até um hospital particular na quarta-feira (24).
A decisão também autorizou a presença da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como acompanhante durante o período de internação, mas veta a visita dos filhos, o senador Flávio Bolsonaro, o deputado federal Eduardo (que é considerado foragido nos EUA) e os vereadores Carlos e Jair Renan.
Também está proibido o uso de computadores, telefones celulares ou quaisquer dispositivos eletrônicos, exceto equipamentos médicos. Caberá à PF assegurar o cumprimento da restrição.
Na mesma decisão, Moraes negou o pedido da defesa para alterar o horário das sessões de fisioterapia. A solicitação previa a realização dos atendimentos após as 18h.