Dr. Pessoa fica inelegível após Câmara Municipal de Teresina reprovar contas do ex-prefeito

Votação ocorreu na manhã desta terça-feira (28); TCE já havia reprovado contas do ex-gestor referentes aos anos de 2022 e 2023

Atualizada às 10h40

A Câmara Municipal de Teresina reprovou, durante votação na manhã desta terça-feira (28), as contas do ex-prefeito Dr. Pessoa referentes aos anos de 2022 e 2023. Com isso, Pessoa fica inelegível por oito anos. Dos 29 vereadores presentes na Casa, 28 votaram. O TCE-PI já havia reprovado as contas do ex-gestor. Os vereadores que atuaram como secretários ou superintendentes na gestão de Pessoa votaram a favor da aprovação das contas do ex-gestor.

Com a decisão, Dr. Pessoa não poderá se candidatar a nenhum cargo político por até 8 anos. Os parlamentares avaliaram, nesta manhã, os pareceres emitidos pelo Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI) e pela Comissão de Finanças, Orçamento e Fiscalização da Câmara.

  

Dr. Pessoa, ex-prefeito de Teresina
TV Antena 10

   

Em abril deste ano, o pleno do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI) reprovou, por unanimidade, as contas de governo da Prefeitura de Teresina, exercício 2023, cujo gestor responsável é o ex-prefeito José Pessoa Leal. Entre os achados, o TCE Piauí constatou que a Prefeitura de Teresina deixou de aplicar o valor de 35.132.412,22 em Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE) (que se refere às despesas realizadas para garantir o funcionamento das instituições educacionais), descumprindo o determinado pela Emenda Constitucional nº 119/2022. 

Em seu exercício financeiro de 2023, a Prefeitura de Teresina descumpriu os limites constitucionais e legais, tendo registrado, ainda, movimentação incompatível com as fontes arrecadadas e utilizadas para pagamentos das despesas.

A equipe técnica do Tribunal também constatou descumprimento das metas de resultados primário e nominal e não implantação de medidas para possibilitar o retorno da execução orçamentária direcionada ao atingimento das metas; realização de empenhos sem a correspondente disponibilidade financeira para sua cobertura, descumprindo o disposto no artigo 1°, §1° e 42 da LC nº 101/2000.

Em seu relato, a conselheira Lilian Martins pontuou que, entre outros achados, também foi comprovado desequilíbrio financeiro do Regime Próprio de Previdência Social de Teresina na ordem de R$ 10.321.539,34.

“Quanto à instrução dos presentes autos, importante destacar a revelia (um efeito processual que ocorre quando o réu não se manifesta no processo, apesar de ter sido citado) do ex-prefeito municipal, que, mesmo devidamente citado, não apresentou justificativa sobre as ocorrências apontadas”, disse a conselheira Lilian Martins, durante a Sessão Plenária, que também não registrou a presença do ex-prefeito José Pessoa e nem de seus advogados. No processo foi certificado que o gestor não apresentou defesa.

O Tribunal identificou, ainda, o descumprimento da meta de vacinação. A proporção de crianças de 1 (um) ano de idade vacinadas contra Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B e Poliomielite foi de apenas 58% no 3º quadrimestre de 2023, abaixo da meta de 95%. Identificou, também, que o Portal da Transparência obteve nota 34,43%, enquadrando-se na faixa de resultado Básico, decrescendo em relação aos anos anteriores.

Fracasso nas urnas 

Dr. Pessoa (PRD) não conseguiu se reeleger nas eleições municipais de 2024. O ex-prefeito obteve apenas 10.131 votos, uma queda drástica comparada aos 236.339 votos que o levaram à vitória em 2020. Ele terminou em 3º lugar, conforme apontava as pesquisas. 

  

Dr. Pessoa
Anna Couto / A10+

   

Durante sua gestão, Dr. Pessoa enfrentou uma crise severa com problemas de infraestrutura, falta de medicamentos e insumos nos hospitais de Teresina.

A crise no transporte público também foi um dos maiores desafios de sua administração. O sistema, que já enfrentava dificuldades antes do início de seu mandato, se prolongou com diversas greves dos motoristas.