A decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre mais da metade dos produtos exportados pelo Brasil preocupa diversos setores da economia e motivou críticas da oposição ao comportamento diplomático do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para um dos líderes da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), as declarações recentes do presidente Lula contribuíram para o agravamento da crise comercial entre os dois países. “Nos últimos seis meses, que é o tempo que Trump assume o governo dos Estados Unidos, em vários fóruns diferentes, o presidente Lula tem colecionado provocações. Tem feito declarações hostis à política americana e ao presidente Trump”, afirmou o senador.
Um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) aponta que o “tarifaço” deve impactar diretamente o desempenho da economia brasileira. A previsão é de uma redução de 0,2 ponto percentual no crescimento do PIB ainda em 2025, e de 0,38 ponto em 2026.
O estado do Ceará será, proporcionalmente, o mais afetado, por causa das exportações de aço, pescados, castanha de caju, água de coco, couros e calçados. Só no primeiro semestre de 2025, 51% das exportações cearenses tiveram como destino o mercado americano.
Diante desse cenário, o governo estadual já estuda a compra de alimentos perecíveis para abastecer escolas públicas e solicitou apoio ao governo federal. A expectativa é que, na próxima semana, o Ministério da Fazenda anuncie linhas de crédito para os setores mais prejudicados.
Rogério Marinho faz um apelo por pragmatismo. “O que esperamos agora é que haja bom senso. Que o Lula desça do palanque e, em vez de aproveitar esse momento para ganhar votos, se lembre da sua responsabilidade como gestor público e busque uma interlocução para que não haja um prejuízo ainda maior à população brasileira.”
Dentro do governo federal, já é consenso que o Brasil não vai retaliar os Estados Unidos — posição também defendida por empresários. O foco, neste primeiro momento, é ampliar o número de produtos incluídos nas quase 700 exceções divulgadas pelos americanos, que mantiveram a tarifa em 10%.