Transparência e proteção infantil: os principais pontos do projeto que regulamenta a IA

Aprovado pelo Senado, texto com regras para inteligência artificial no Brasil só deve ser analisado pela Câmara em 2025

Aprovado pelo Senado nesta semana, o projeto de lei que regulamenta o uso da inteligência artificial no Brasil tem, entre os principais pontos, regras de transparência para o funcionamento da tecnologia e a proibição de sistemas que possibilitem a produção e a disseminação de material que caracterize ou represente abuso ou exploração sexual de crianças e adolescentes.

O texto só deve ser analisado pela Câmara a partir de 2025, quando um novo presidente estará no comando da Casa. O atual presidente, Arthur Lira (PP-AL), defende a aprovação de uma regulamentação à inteligência artificial, mas o favorito para sucedê-lo, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), ainda não comentou publicamente sobre o tema. Ele tem garantido, no entanto, que se for eleito abrirá espaço para dialogar todos os temas de interesse dos parlamentares.

  
Plenário do Senado
Divulgação
 
 
 

Relator do projeto no Senado, Eduardo Gomes (PL-TO) tem sinalizado nos bastidores que não vai interferir na tramitação da proposta na Câmara, mas que, caso seja chamado para auxiliar, poderá ajudar os deputados nas discussões.

Autor do projeto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), destacou a relevância da proposição para o futuro da sociedade brasileira e o funcionamento das instituições democráticas. “A IA precisa encontrar limites, ter transparência, responsabilidade, ética e métodos que garantam a intervenção humana. É uma ferramenta formidável, mas que precisa de regulamentação adequada,” declarou.

O projeto aprovado pelo Senado estabelece um marco regulatório para o uso da IA no Brasil, alinhando o país às práticas globais e promovendo o desenvolvimento responsável da tecnologia. Pacheco celebrou a aprovação no Senado e reforçou sua confiança de que a proposta se tornará referência internacional.

“Foi uma grande vitória do Senado a sua aprovação. Agora entregamos à Câmara um trabalho robusto de regulamentação da IA. Se aprovada, será uma lei de vanguarda no mundo, feita no Brasil”, afirmou Pacheco.

O que prevê a proposta

Entre os pontos principais do projeto, estão a definição de limites éticos, a transparência no uso da IA e a garantia de intervenção humana em processos automatizados. Esses pilares visam assegurar que a tecnologia seja utilizada de forma responsável e com benefícios reais para a sociedade.

Embora a aprovação final deva ocorrer apenas em 2025, especialistas e parlamentares destacam que o Brasil está em um momento estratégico para regulamentar a IA, acompanhando o ritmo de países que já estão estabelecendo suas próprias legislações.

  
Inteligência Artificial
Reprodução
 
 
 

Com um trabalho considerado inovador, o projeto de regulamentação da IA tem o potencial de colocar o Brasil na liderança global no debate sobre o uso ético e responsável da tecnologia.

Entre os principais pontos da matéria estão:

Regras para tecnologias de alto risco

A regulamentação diferencia tecnologias de acordo com o risco que apresentam. O foco será em sistemas de alto impacto, como reconhecimento facial e aplicações em saúde e segurança pública.

Condutas proibidas

Direitos autorais e conteúdo jornalístico

Empresas que utilizem IA para gerar conteúdo terão de obter autorização dos autores e pagar remuneração pelos direitos autorais.

Penalidades severas, incluindo multas de até R$ 50 milhões ou 2% do faturamento, estão previstas para violações por empresas tecnológicas.

Sistema de fiscalização

O Banco Central, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e outras agências reguladoras atuarão na fiscalização setorial.

Um Sistema Nacional de Regulação e Governança de IA será criado, coordenado por uma autoridade designada pelo Executivo.

Flexibilizações e exceções

A proposta prevê flexibilizações para startups, micro e pequenas empresas, além de exceções para pessoas físicas que utilizem IA sem fins lucrativos. A ideia é incentivar o desenvolvimento da tecnologia no Brasil sem sufocar a inovação.

O texto exclui redes sociais da lista de tecnologias consideradas de alto risco e traz proteções adicionais para sigilo comercial, propriedade intelectual e liberdade de expressão.

Criação de políticas públicas para fomentar a IA

Além de prever regras rígidas, o projeto incentiva a criação de políticas públicas para fomentar a IA no Brasil. Isso inclui: