A confirmação de quatro casos do superfungo Candida auris em pacientes do Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, deixou a população em alerta. Entenda a seguir o que é o organismo e os riscos dele para a saúde.
O secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Bacchetti, explica que a preocupação em relação ao organismo é em relação à resistência dele. “Ele é resistente à maior parte dos remédios que matam fungos. Por isso, a gente precisa fazer uma vigilância dos casos", explica.
De acordo com nota da Anvisa, “a palavra auris vem do latim e significa ouvido mas, apesar do nome, C. auris também pode afetar muitas outras regiões do corpo, além de causar infecções invasivas, como as decorrente sanguínea". “Ela já foi isolada de feridas, amostras respiratórias e de urina, na maioria dos casos, apenas como colonizante”, completa o relatório.
O médico infectologista Unaí Tupibambás, professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) explica que, apesar da resistência do fungo em relação aos medicamentos, a transmissão, por ora, não deve ser uma preocupação da população em geral.
“A chance dele sair do ambiente hospitalar é muito remota. Esse fungo é mais comum em paciente debilitado, com algum grau de imunodeficiência”, avalia o especialista.
O risco maior, segundo o infectologista, é para pessoas que estão internadas e que vão se submeter a procedimentos com uso de cateter ou intubação. “Isso reforça a importância da higienização das mãos e esterilização de materiais nos hospitais”, avalia.
Os quatro casos registrados em BH ocorreram no Hospital João XXIII. É a primeira vez que há relato do fungo no Estado. De acordo com o Governo de Minas Gerais, 24 pessoas tiveram contato com as pessoas infectadas. Elas foram colocadas em isolamento e passam por testes. Os exames são feitos com swabis, conhecidos como cotonetes, passados nas regiões da axila e da virilha.
“Com vários testes dando negativo, vamos tirando o paciente do isolamento”, comento o secretário de Saúde Fábio Baccheretti.
Sintomas
De acordo com o médico Unaí Tupinambás, não há sintoma específico para as pessoas infectadas com o fungo. “Geralmente, o paciente tem quadro febril e pode desenvolver infecção na corrente sanguínea, o que gera risco de assepsia, que pode levar à morte devido à fragilidade do sistema imunológico”, comenta.
“Além do antifúngico, o combate à infecções depende da célula do de defesa do organismo para combater o fungo, mas como a pessoa está debitada por estar imunossuprimida, acaba ficando em situação mais grave”, explica.
Segundo Fábio Baccheretti, dois dos quatro pacientes de Belo Horizonte já receberam alta e “passam bem”. Os outros dois ainda estão internados.
Dados da Anvisa apontam que o fungo causou doença em humanos pela primeira vez em 2009, no Japão. Segundo boletim da Anvisa, entre 2020 e agosto de 2023, o Brasil teve 10 surtos e 78 casos confirmados.
“De toda forma, assim como nos outros casos de surtos de Candida auris ocorridos em outros estados, a Anvisa já realizou reuniões com a SES MG, representantes do hospital e especialistas em Candida uris para discutir os casos e apoiar tecnicamente o estado para o controle do surto. Em nível nacional, a Anvisa monitora a ocorrência de surtos por Candida auris em serviços de saúde de todo o país. Nesse sentido, a Agência está acompanhando de perto as ações adotadas para controle e combate à propagação do fungo, bem como prestando suporte técnico aos Estados", informou a Anvisa em nota.