Hospital e maternidade do Buenos Aires são interditados por 60 dias em Teresina; CRM elenca motivos

Local foi interditado após mistura de irregularidades na unidade de saúde

(Atualizada às 11h18)

Falta de insumos, profissionais, aparelhos e higiene básicos, e até soro. Essa é a atual situação do Hospital do Buenos Aires, localizado na zona Norte de Teresina, interditado por 60 dias pelo Conselho Regional de Medicina na manhã desta quinta-feira (01). No local, o relato é que o diretor-geral do hospital assumiu em janeiro deste ano, mas nunca foi visto. A recomendação do conselho é que a população procure um outro hospital da região para receber atendimento.

  

Interdição do hospital do Buenos Aires aconteceu por irregularidades
Jade Araújo / A10+

   

Após uma reunião com representantes do CRM, Ministério Público e o presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Gilberto Albuquerque, a interdição foi oficializada. A maternidade que funciona no local também foi interditada. 

“Isso vem protelando, a gente fazendo as vistorias, mandado os relatórios e não tínhamos resposta. Tivemos que tomar a atitude de interdição. Ela é por tempo indeterminado, desde que eles comecem a cumprir aquilo que é determinado. Um óbito aconteceu. Sempre se pensa que o médico é que é culpado, mas o médico não é culpado, os culpados são os gestores que não tomam providência e não colocam o devido dentro da casa de saúde”, conta o presidente do CRM, Dagoberto Silveira.

  

Por vários lados, sujeiras também foram vistas pelo hospital municipal
Jade Araújo / A10+

   

Segundo o CRM, desde março deste ano foram feitas sete fiscalizações no local e a FMS foi notificada, mas o problema não vem sendo resolvido. O Ministério Público vai investigar as irregularidades e a morte de uma pessoa no hospital.

Quem é o diretor-geral do hospital?

Relatos de funcionários e do próprio CRM, é de que ainda não existe o conhecimento de quem seja o diretor-geral da unidade.  

"Por incrível que pareça o indicativo de interdição ética foi feito dia 1° de novembro e até hoje a gente não conheceu no conselho o diretor-geral. Até agora não se manifestou para gente", relata Miriam Parente, vice-presidente do CRM.

Por volta das 10h, vereadores da Comissão de Saúde da Câmara Municipal também percorreram o hospital e parte da maternidade a procurar do diretor. Ele não foi encontrado.

Morte de uma pessoa e atendimento por telefone

O CRM vai investigar a morte de uma pessoa ocorrida este ano no hospital por falta de profissional. A vice-presidente do conselho, Miriam Parente, afirma que a informação foi recebida na quarta-feira (30) e que agora será realizado um procedimento para investigar o que teria acontecido.

  

Maternidade do Buenos Aires também foi interditada pelo CRM
Jade Araújo / A10+

   

"Não se sabe a razão da morte. Pelo que foi detalhado pelo conselho é que seria por falta também do neonatologista do plantão. Porque a escala está em aberto. Eles precisam contratar neonatologistas, mais anestesistas para escala ficar completa e se trabalhar com tranquilidade", afirma Miriam Parente.

Em um outro caso, um bebê foi atendido por telefone para uma neonatologista que informava para uma atendente de enfermagem como proceder. A falta de médicos no local também é atribuida a falta de escala.

O que diz a Fundação Municipal de Saúde?

O presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Gilberto Albuquerque, esteve durante a interdição e relatou que a situação será resolvida, pois a fundação está na fase de licitação. 

“Temos vários itens aqui apontados. O primeiro é ausência da diretoria-geral. Isso o prefeito já nos anunciou que tomaria providência. Nós temos servidores servidos, como por exemplo por estado, na área de neonatologia que nós precisamos muito então deveremos fazer esse contato e pedir a volta desses servidores. Na verdade não é a fundação, existe uma situação nacional de dificuldade de insumos ainda e a dificuldade de realização de licitações, falta de insumos no mercado que agora grande parte está superado. Nós estaremos com tudo pronto muito em breve”, relata. 

  

Fachada do Hospital do Buenos Aires
Jade Araújo / A10+