O Ministério da Saúde incinerou 2,3 milhões de frascos de vacinas este ano. No entanto, o número de doses perdidas pode ter sido maior, porque um único frasco, dependendo do imunizante, pode conter mais de uma dose de aplicação. A informação confirmada pela pasta ao R7 aponta que o número representa 1,72% do total de vacinas recebidas em 2023, de 300 milhões de doses.
Segundo a pasta, a maior parte dos frascos são de vacinas da Covid-19, “principal alvo de campanhas sistemáticas de desinformação que geram desconfiança sobre a eficácia e segurança do imunizante, impactando na adesão da população”.
A pasta disse que “para evitar desperdício e garantir proteção máxima, na compra da vacina contra Covid-19 deste ano, o Ministério da Saúde adotou inovações: entrega parcelada por parte do laboratório contratado conforme a demanda apresentada pela pasta e possibilidade de trocar pela versão mais atual aprovada pela Anvisa”.
“O Programa Nacional de Imunizações também adota práticas como cláusulas de troca para lotes próximos à validade, contratos plurianuais para gestão eficiente, monitoramento contínuo dos estoques e reuniões mensais com laboratórios para ajuste de cronogramas. É importante destacar que as perdas percentuais mínimas são previstas mundialmente na construção de políticas públicas de saúde pela necessidade de reserva técnica”, observa.
A pasta também disse que está comprometida com a recuperação das coberturas vacinais e o combate à desinformação sobre os imunizantes. “Entre os avanços alcançados no período, destaca-se a reversão da tendência de queda na vacinação: em 2023, 13 das 16 principais vacinas do Calendário Nacional de Vacinação registraram crescimento em comparação a 2022″, observa.
O Ministério disse ainda que o Brasil foi reconhecido “em um relatório da Unicef (Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância), que apontou que o país saiu da lista dos 20 com mais crianças não vacinadas no mundo; em 2021, o Brasil ocupava o 7º lugar”.
Desabastecimento
No entanto, embora doses estejam sendo incineradas, alguns estados relatam desabastecimento dos imunizantes. Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia, por exemplo, o número de vacinas contra Covid-19 adquiridas pelo governo federal em 2024 é insuficiente para abastecer os postos de saúde espalhados pelo país, mesmo diante da baixa procura. O presidente do SBI, Alberto Chebabo, afirma que a defasagem na compra de imunizantes tem impacto, principalmente, nos grupos de risco.
“Não vamos voltar a ter o número de casos da pandemia, mas existe um aumento das chances de complicação para o grupo mais vulnerável”, explica. De acordo com a Confederação Nacional de Municípios, 64,7% das cidades brasileiras registraram a falta de vacina para ao menos uma doença. Além da Covid, a catapora também enfrenta a escassez de imunizantes”, disse em entrevista à RECORD.
No fim do mês passado, o Ministério prometeu distribuir uma nova remessa de vacina para regularizar os estoques para crianças em todo o país. Serão 1,2 milhão de doses. A remessa faz parte da compra emergencial dos imunizantes mais atualizados contra a doença feita em maio deste ano. Além disso, o ministério afirma que um novo pregão foi feito recentemente para aquisição de mais 60 milhões de doses.