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O delegado Charles Pessoa, do DRACO, afirmou que as mulheres alvos da operação deflagrada, na manhã desta quarta-feira (30), eram orientadas pela facção Bonde dos 40 a disseminar a ideologia criminosa do grupo nas redes sociais, em Teresina. Pelo menos 9 integrantes da organização foram presas hoje durante a "DRACO 210: Faixa Rosa", incluindo a blogueira Ana Azevedo.

"Elas integram a facção Bonde dos 40, algumas se passam por influenciadoras, mas são influenciadoras do mal. Não vamos aceitar que criminosos usem redes sociais para disseminar o crime, essas pessoas, com certeza, vão conquistar seguidores na cadeia. Não adianta tentarem se esconder atrás de filtros bonitos, nós, Segurança Pública, enxergamos além das telas. Ela [Ana] participava de atos do Tribunal do Crime, mas o principal papel dela era utilizar as redes sociais, isso orientado pela própria célula do Bonde dos 40, para disseminar a ideologia da facção criminosa", detalhou o delegado em entrevista coletiva.

O companheiro dela, um faccionado, também foi preso. No momento da condução, a blogueira debochou da situação. Na casa dela, os policiais apreenderam uma arma e uma motocicleta. Diante de todas as investigações, as redes sociais das envolvidas serão suspensas através de medida cautelar.  

"Conduzindo uma criminosa e ela debochando dizendo que vai estar nas ruas logo em seguida. Ela já vinha sendo monitorada, a princípio debochou, mas quando ela entender a realidade de uma cadeia ela vai mudar de ideia. Essa mulher criminosa vai entender o peso da Segurança Pública, e como nossas investigações são bem elaboradas. Não sigam esses exemplos", disse.

A ação teve como objetivo dar cumprimento a 34 mandados judiciais, sendo 15 mandados de prisão temporária e 19 mandados de busca e apreensão domiciliar. Todos os alvos são mulheres. "Elas estavam causando um incômodo muito grande porque elas vinham participando de atos do Tribunal do Crime, de disseminação da ideologia da facção, de roubos e crimes violentos, e cooptando jovens para ingressarem nessas atividades criminosas", explicou o delegado.

A investigação das "Faixas Rosas"

As medidas são fruto de desdobramentos investigativos oriundos da Operação DRACO 198, deflagrada em março deste ano, que culminou na apreensão de um aparelho celular vinculado a A. da S. M., tia de um dos líderes da organização e integrante ativa do núcleo feminino. A análise pericial do dispositivo revelou elementos contundentes que evidenciam uma estrutura hierarquizada dentro da organização, incluindo um grupo de WhatsApp intitulado "A LUTA NÃO PARA", no qual foram identificadas mensagens, cadastros, estatutos e ordens internas relacionadas à atuação das investigadas.

"Elas tinham ligação na mesma célula da facção, e compartilhavam informações, se relacionavam através do grupo se articulando. Eram vídeos compartilhados, nas redes sociais, ostentando arma de fogo e a ideologia da facção", disse o delegado.

As alvos da operação, segundo a polícia, desempenhavam funções diversas e relevantes na engrenagem da organização criminosa, tais como: disseminação de ordens hierárquicas, aplicação de disciplina interna, recrutamento, arrecadação de valores ilícitos e organização logística de atividades delitivas, especialmente no tráfico de entorpecentes e no suporte a ações violentas.

A análise do conteúdo extraído também confirmou o uso de linguagem codificada, símbolos da organização e a existência de um estatuto interno com normas e sanções disciplinares, caracterizando o modus operandi típico de organizações estruturadas, nos termos da Lei nº 12.850/2013.

As ações ocorreram nos bairros Todos os Santos (Residencial Pedro Balzi), Santo Antônio (Invasão Dagmar Mazza), Monte Castelo, Dirceu II, Lourival Parente, Areias (Loteamento Primavera), Parque Jacinta, Samapi, bem como nas cidades de Timon-MA, Demerval Lobão-PI e Nazária-PI. Todos os mandados foram expedidos pela Central de Inquéritos de Teresina, tendo como alvos 15 mulheres apontadas como integrantes da organização criminosa.

A ação contou com apoio operacional da Força Estadual Integrada de Segurança Pública (FEISP), das inteligências da Polícia Civil e da SSP (DIPC e DINT), DEOP, DPM, DPI, delegacias seccionais da Polícia Civil, Polícia Militar do Piauí (BOPE, BEPI e BOPAER) e Guarda Civil Municipal de Teresina, por meio das equipes da ROMU e GOC.

Fonte: Portal A10+