📲 Siga o A10+ no Instagram, Facebook e Twitter.
(Atualizada às 15h00)
Morreu neste sábado (17), aos 93 anos, o apresentador e empresário Silvio Santos. A informação foi confirmada nos perfis oficiais do SBT nas redes sociais. A causa da morte foi broncopneumonia por conta de uma infecção por H1N1, segundo boletim do hospital.
O apresentador tinha voltado à unidade hospitalar no início de agosto, poucos dias depois de receber alta médica devido a um quadro de H1N1.
Silvio Santos deixa seis filhas, que vão continuar o legado do pai no comando do SBT.
Trajetória do Homem do Baú
Silvio Santos é um marco na história da televisão brasileira. Ao longo dos últimos 60 anos esteve no ar, com passagens pelas principais emissoras, incluindo a rede Globo, até criar sua própria rede: o SBT (Sistema Brasileiro de Televisão).
Porém, a própria trajetória de Senor Abravanel, nome real do apresentador, daria uma série de televisão. Ou melhor, deu um seriado (O Rei da TV) e um filme, que será lançado em 5 de setembro.
Filho do casal Alberto Abravanel e Rebeca Caro, Senor Abravanel nasceu no Rio de Janeiro em 12 de dezembro de 1930. Desde cedo se envolveu nos negócios para ajudar a família.
Um dos capítulos mais conhecidos de sua vida envolve a juventude, quando trabalhou como camelô nas ruas da capital carioca – vendendo capas para Títulos de Eleitor.
O nome artístico Silvio Santos surgiu quando a carreira no rádio e televisão virou uma opção para o vendedor aumentar seus lucros. Assim, Silvio, depois da parceria com Manoel da Nóbrega, estreou nas telinhas em 1962, no programa Vamos Brincar de Forca, na TV Paulista. No ano seguinte, estreou o Programa Silvio Santos, que, desde 1963, está no ar no país.
Para Maurício Stycer, biógrafo do apresentador e autor do livro Topa Tudo Por Dinheiro, Silvio buscou a televisão e o rádio como uma maneira de ampliar os negócios e conseguir o próprio canal.
Percebendo o sucesso da empreitada, Silvio Santos decidiu dobrar a aposta e passou a lutar para criar uma rede de televisão.
O sonho começou em 1976, quando o general Ernesto Geisel, um dos presidente do período da ditadura militar, concedeu ao comunicador a TVS (TV Studios) do Rio de Janeiro. Quase cinco anos depois, em 1981, o Patrão fundou o SBT.
No SBT, Silvio criou um jeito próprio de fazer televisão. Com mudanças na grade, pouco espaço para jornalismo, programas inovadores e apostas que poucos fariam, como o seriado Chaves e as novelas mexicanas.
Em sua emissora, lançou nomes como Gugu Liberato, Celso Portioli, Eliana, Mara Maravilha e, mais recentemente, Maisa e Larissa Manoela.
Presidente do Brasil?
Em 1989, na primeira eleição presidencial do Brasil após a ditadura militar, uma surpresa ocorreu: Silvio Santos decidiu sair candidato ao cargo de presidente da República.
Faltando menos de um mês para o primeiro turno, setores do Partido da Frente Liberal planejaram lançar a candidatura do empresário Silvio Santos, filiado à legenda desde 1988. Porém, o comunicador sairia por outra agremiação: o Partido Municipalista Brasileiro (PMB).
O PMB havia lançado Armando Correia, que se dispunha a renunciar. Assim, foi criada a chapa com Silvio Santos e o senador paraibano Marcondes Gadelha como vice.
A entrada de Silvio na corrida eleitora causou impacto e a Justiça Eleitoral recebeu 18 pedidos de impugnação da chapa. De acordo com pesquisas realizadas na época, a candidatura de Silvio Santos atingiu a preferência de cerca de 30% do eleitorado.
Contudo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarou a candidatura ilegal, por não respeitar o prazos previstos em lei. Assim, em 9 de novembro de 1989, em decisão unânime, a Corte impugnou a chapa Silvio Santos-Marcondes.
A eleição ocorreu em 15 de novembro de 1989. Ao fim do processo, Fernando Collor de Mello foi eleito presidente da República.
De camelô ao estrelato na TV: relembre a impressionante trajetória do Dono do Baú
Silvio Santos, o mito
O Brasil está de luto. Morreu, aos 93 anos, o apresentador e empresário Silvio Santos. Talentoso e visionário, o eterno Dono do Baú da Felicidade deixa um grande legado à televisão brasileira, juntamente com sua marca registrada: a alegria e a irreverência
Vida de camelô
A arte de atrair o público começou cedo. Aos 14 anos, Silvio Santos vendia canetas percorrendo as calçadas da av. Rio Branco, no Rio de Janeiro. Para driblar a concorrência, o rapaz montou uma barraquinha e passou a vender seu produto fazendo números de mágica. O sucesso foi grande e, com isso, Silvio precisou contratar dois ajudantes. Mas não demorou muito para que o trio fosse pego pela fiscalização. Renato Meira Lima, o fiscal, ficou surpreso com o timbre de voz e boa aparência de Silvio e então lhe estendeu um cartão para que tentasse a sorte na rádio Guanabara.
Paraquedista do Exército
O emprego conquistado por intermédio do fiscal durou apenas um mês. Como camelô, Silvio ganhava mais dinheiro do que como locutor. Aos 18 anos, ele então ingressou na escola de paraquedismo do Exército Brasileiro, em Deodoro, zona rural do Rio de Janeiro. Nas horas vagas, trabalhava de graça nas rádios cariocas. E foi nessa época que o apresentador tratou de mudar de nome. A mãe, Rebeca Abravanel, sempre o chamou de Silvio. O "Santos" veio da devoção religiosa.
A grande ideia
O deslocamento de Silvio de casa para o trabalho acontecia por meio de uma embarcação. Todos os dias, o apresentador atravessava a baía de Guanabara em um barco simples e silencioso. Até que ele teve a ideia de instalar alto-falantes para animar os passageiros. Também fechou com a Antarctica uma parceria para vender cervejas e refrigerantes. Entre uma música e outra, Silvio fazia propaganda de produtos e quem comprasse uma bebida ganhava uma cartela de bingo para concorrer a prêmios. Talentoso no ramo dos negócios, Silvio não parou mais de criar e inventar.
A ida para a TV
O primeiro programa comandado por Silvio Santos na televisão foi o "Vamos Brincar de Forca". A atração era exibida pela TV Paulista, que depois foi incorporada à TV Globo. No canal, o comunicador foi ganhando espaço e audiência com o "Show de Calouros", o "Show da Loteria, o Vamos Fazer Média", o "Disco de Ouro", o "Quem Sabe Mais: o Homem ou a Mulher?", o "Sinos de Belém" e o "Boa Noite, Cinderela".
O Baú da Felicidade
A empresa não foi criada pelo comunicador, mas, sim, pelo humorista e radialista Manuel da Nóbrega, pai de Carlos Alberto de Nóbrega, do humorístico "A Praça É Nossa". O negócio não ia bem, até que Silvio, aos 27 anos, propôs a compra da empresa. A pessoa que adquirisse o Carnê de Mercadorias e tivesse com o pagamento das mensalidades em dia concorria a sorteios e prêmios. Após um ano, esse mesmo cliente poderia trocar o carnê antigo por mercadorias à sua escolha nas lojas do Baú da Felicidade. O processo de extinção do Carnê do Baú começou em 2007, por causa de outras ofertas de crédito que o mercado passou a oferecer.
De animador a dono de emissora de TV
O sucesso que o apresentador fazia na telinha fez com que as vendas do Baú aumentassem dia a dia, ano a ano. Com uma boa quantia de dinheiro no bolso e um contrato fixo com a Globo, Silvio já articulava silenciosamente a compra de um canal de TV. Foi quando surgiu a oportunidade de adquirir 50% das ações da Record, deixando, assim, a TV Globo, no meio da década de 1970. Em outubro de 1975, o então general Ernesto Geisel assinou o decreto que outorgava o canal 11 (TVS) a Silvio Santos. Em pouco tempo, o apresentador abocanhou outros quatro canais... surgia aí o Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT
'Programa Silvio Santos'
A atração teve sua estreia em 2 de junho de 1963. O programa, exibido durante todo o domingo, reunia uma série de atrações, entre elas "A Porta da Esperança" (foto), exibido entre 1984 e 1996. O quadro tinha como objetivo atender ao pedido ou a um sonho de um telespectador que, antes de se apresentar no palco, enviava à produção uma carta dizendo o que queria. Uma vez tendo sua história selecionada, essa pessoa ia ao palco da atração contar o motivo do pedido. Silvio mantinha o suspense, até que dizia o inesquecível bordão: "Vamos abrir as Portas da Esperança!"
'Qual É a Música?'
O programa de sucesso nada mais era do que uma gincana musical, em que os participantes tinham que mostrar seus conhecimentos na área, em uma série de provas. A primeira versão estreou em 1976, como parte do "Programa Silvio Santos", ficando no ar até 1991. Em 1999, o programa retornou à grade da emissora totalmente reformulado, sendo apresentado até 2008. Na imagem acima, Silvio nos bastidores da atração com os garotos do grupo Menudo, em 1985.
'Domingo no Parque'
Entre 1977 e 1988, o "Domingo no Parque" era a diversão da garotada. Num cenário de parque de diversões, equipes de duas escolas se enfrentavam em diferentes provas. Destaque também para "Cidade contra Cidade", "Show de Calouros", "Namoro na TV", "Arrisca Tudo" e "Ela Disse Ele Disse", entre outros.
Silvio Santos perde a voz
No fim da década de 1980, o comunicador preocupou fãs e familiares com seu estado de saúde. O apresentador foi diagnosticado com edema de Quincke (uma desordem caracterizada por um inchaço do tecido subcutâneo, que afeta preferencialmente os tecidos moles do organismo). O maior risco da doença é quando ela afeta a caixa da voz, fazendo com que o paciente tenha dificuldades de respirar. O tratamento médico aconteceu nos Estados Unidos. Silvio melhorou e retornou às atividades.
Aventura na política
No processo de recuperação da garganta, mais precisamente no ano de 1988, Silvio anunciou que queria se eleger prefeito da cidade de São Paulo, o que não aconteceu. Em 1989, ele tentou se candidatar à Presidência, mas, dias antes do pleito, o comunicador, líder nas pesquisas, teve a candidatura impugnada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) porque o registro do partido estava irregular.
Prejuízos financeiros
Em novembro de 2010, Silvio Santos ganhou destaque nos noticiários. Dono do então Banco Panamericano, atual Banco Pan, o empresário sofreu um prejuízo no valor de R$ 2,5 bilhões. Questionado se venderia o SBT para liquidar a dívida, Silvio disse categoricamente, à revista Veja, que "não". "A televisão não vendo. Vou fazer de tudo para não vender. Mas as demais empresas, por que não? Estou com quase 80 anos e não tenho interesse especial em bancos ou indústrias de cosméticos. Posso vender empresas e ficar com a televisão, que penso em deixar para minhas filhas, que se interessam por comunicações. Uma delas, a Daniela, já mostrou que gosta de televisão".
Grupo Silvio Santos
É também importante relembrar o grupo empresarial fundado pelo apresentador. O Grupo Silvio Santos possui cerca de 38 empresas. Dentre as mais conhecidas do público estão a Jequiti Cosméticos, o Hotel Jequitimar e o Teatro Imprensa. Das empresa antigas, as mais conhecidas eram: Vimave Veículos e Lojas do Baú Crediário.
Homenagem na Sapucaí
Em fevereiro de 2001, Silvio Santos foi homenageado no Carnaval do Rio de Janeiro pela escola de samba Tradição. O apresentador desfilou como destaque num carro alegórico, vestido com um terno prateado feito especialmente para a ocasião. Outros artistas do SBT participaram do desfile.
Morte de Silvio Santos: SBT confirma que não haverá velório e funeral será privado
O SBT anunciou, por meio de um comunicado, que o corpo de Silvio Santos, morto neste sábado (17), aos 93 anos, não será velado. Em nota, a família afirma que essa era uma vontade expressa do empresário.
“Queremos dizer para vocês que, muitas vezes ao longo da vida, à medida que nosso pai ia ficando mais velho, ele expressava seu desejo em relação à sua partida. Ele pediu para que, assim que partisse, fosse levado diretamente para o cemitério e que fizéssemos uma cerimônia judaica. Ele pediu que não explorássemos sua passagem. Gostava de ser celebrado em vida e gostaria de ser lembrado com a alegria com que viveu.”
O comunicado pede ainda a compreensão de todos os fãs e reforça a importância de preservar a memória de Silvio Santos como uma figura emblemática que “amou o Brasil e os brasileiros”.
Fonte: Metrópoles e R7