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Ostentação em viagens, baladas, carros de luxos e joias nas redes sociais. Isso resume o padrão de vida dos alvos da Operação Bazófia da Polícia Federal, deflagrada na manhã desta quinta-feira (28). Com patrimônios exorbitantes, mas incompatíveis com a verificada ausência de renda de atividade lícita, os alvos tinham um "Escritório do Crime" para cometerem fraudes envolvendo Auxílio Emergencial e operações bancárias eletrônicas contra a Caixa Econômica Federal, no Piauí e Maranhão.
As investigações apontam que o grupo criminoso alugou uma casa na capital piauiense e mantinha pelo menos oitos "funcionários" atuando para aplicarem o golpe nas vítimas. Até o momento, 11 pessoas foram presas e três estão foragidas. O líder da organização seria da cidade de Bacabal, no Maranhão. Eles possuíam empresas de fachada no ramo de corretagem de veículos e de delivery para fazerem a lavagem de capitais.
"Encontramos uma cartilha com pagamento para oito funcionários do escritório do crime para ligarem diariamente para as vítimas. Eles usavam engenharia social para obter os dados das vítimas, a partir disso instalavam programas no computador e celulares, e coletavam senhas de acesso ao banco", explicou Eduardo Monteiro, delegado da PF de repressão aos crimes cibernéticos durante coletiva à imprensa.
As investigações indicam que os membros do grupo acessavam as contas de beneficiários do Auxílio Emergencial para efetuar pagamentos de boletos bancários, e deixando as vítimas sem nada. Os valores desviados eram transferidos por meio de várias transações para outras contas, até serem direcionados a contas de "laranjas", utilizadas para saques ou depósitos. Há indícios de que os investigados também praticavam outras fraudes bancárias e faziam uso de outros benefícios sociais do governo.
Os supostos colaboradores foram identificados no momento do cumprimento das ordens judiciais e conduzidos para prestarem depoimento. Os alvos, segundo o delegado, já eram devidamente identificados e sofreram buscas em seus imóveis. Um dos foragidos também é investigado pela Polícia Civil, inclusive, sendo alvo da operação que vitimou fatalmente o policial civil Marcelo Soares da Costa. "Um dos alvos estava foragido e executava diversos tipos de fraudes. Ele e outros eram investigados pela Polícia Civil e tinha mandados na nossa operação. Um está foragido e a outra de tornozeleira eletrônica, foi presa", explicou.
Durante as ações em pelos menos oito empresas de fachadas dos envolvidos, os policiais apreenderam cerca de dois mil chips associados a eles e um grande volume dinheiro. O prejuízo resultante da fraude ainda não foi contabilizado. "O prejuízo inicial foi de 130 mil reais, mas pelo patrimônio e ausência de atividade lícita, passamos a investigar e conseguimos a chegar nesse número de chips que executaram fraudes. Vamos processar os dispositivos para identificar o valor exato de prejuízo", explicou.
O alto padrão de vida dos suspeitos, que têm entre 20 e 40 anos, se destacou durante as investigações. "Eles ostentavam em festas, com carros de luxos, viagens, através das redes sociais. Apreendemos pelo menos oito carros de luxo, bolsas, computadores, celulares, joias, jet-ski, e grande quantidade de dinheiro", afirmou o delegado.
A polícia conseguiu identificar também a participação de um policial militar do Maranhão, mas que mora em Teresina. Ele, o pai e o irmão foram presos. "Eles estão envolvidos na lavagem de dinheiro", ressaltou.
Ação policial
Cerca de 90 policiais federais foram mobilizados para cumprir 14 mandados de prisão e 19 mandados de busca e apreensão nas cidades Teresina, no Piauí e Bacabal, no Maranhão. Todas as ordens judiciais foram expedidas pela 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Piauí.
Os investigados poderão responder pelos crimes de organização criminosa, furto qualificado, lavagem de dinheiro e invasão de dispositivo eletrônico, além de outros que venham a ser constatados no decorrer do processo investigativo.
Bazófia
A Operação Bazófia foi deflagrada dentro do bojo da Operação Não Seja um Laranja, promovida pela Polícia Federal em âmbito nacional, e seu nome provém da ostentação demonstrada pelos investigados em suas redes sociais.
Fonte: Portal A10+