O comandante-geral da Polícia Militar do Piauí, coronel Scheiwann Lopes, participou do A10Cast, podcast da TV Antena 10, deste sábado (13). Na ocasião ele tratou sobre diversos temas relacionados à Segurança Pública do estado.
Destacando uma série de investimentos e ações contra a criminalidade no estado, Sheiwann detalhou a atuação de combate ao que ele denominou como “organismos criminosos”.
“Eu não gosto de chamar de facção, eu chamo de organismos criminosos. Até organização criminosa dá um empoderamento, tanto como facção. E, para mim, poderoso e organizado é o Estado. Nós temos organismos criminosos que tentam se estruturar e aqui, no Piauí, não está deixando se criar. Mas para isso é preciso do povo, da população, porque não têm soldados no tráfico, guardiões desse organismo criminoso, se não houver um assédio dele para isso, um recrutamento. Então, tem que combater é esse esvaziamento e pertencimento desse organismo para deixar de existir. E como é que tem que fazer isso? É dizer que não compensa. Essa atração é falsa. Porque ela é de curta duração, porque só tem dois caminhos: cemitério ou prisão”, destacou.
O coronel lamentou sobre a tentativa desses grupos de manipularem cada vez mais os jovens a atuarem na criminalidade. “Precisamos investir também na educação. A desagregação familiar é um problema endêmico, ele é um problema presente e lamentavelmente muito complexo porque uma família desagregada, o pai é desempregado, a mãe é usuário de drogas, o filho vendo esses maus exemplos, não vai à escola. É por isso que o governador tem que investir em várias frentes, a escola, geração de emprego e renda no estado, incentivo para desenvolver atrativos para outros estados, do poder público, do poder privado, empresarial, concursos públicos, e as crianças e adolescentes terem cada vez mais acesso a um ensino de qualidade e também profissionalizantes. Esses organismos criminosos atraem mais para ter um tênis de marca caro, ter um celular, smartphone de última geração, você pode ter isso à mão, com 15 anos e 16 anos de idade, é uma disputa muito injusta que atrai, de fato, lamentavelmente, nossos jovens. É ter a consciência desse oportunismo desigual, que os nossos jovens têm essa falsa sensação de empoderamento, de dinheiro fácil, de status, de poder”, afirmou.
Nesse contexto de enfrentamento, ele ressalta a necessidade de integração entre os trabalhos de prevenção e repressão. “De um lado, reprimindo a criminalidade forte, com as operações integradas da Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, investigações, através da colaboração do Judiciário e do Ministério Público, dando um prejuízo nesse organismo com as operações, apreendendo as pessoas, os líderes, os executores, os mandantes, dando uma pancada na sua questão financeira, no patrimônio. Por outro lado, a prevenção através da educação, conscientização, de campanhas, trabalho com as famílias, de proteção dos jovens, sobretudo geração de emprego, mobilidade urbana, um estado presente na sua totalidade em evolução e progresso, minimizando as deficiências sociais e trabalhando em todos os aspectos do que o Poder Público deve fazer”, disse.
Com o trabalho intenso da PM no estado, outra questão passa a ser também discutida: a reincidência de prisões. O coronel explicou sobre como as equipes policiais são orientadas para quando se depararem com a situação de prender o mesmo indivíduo várias vezes.
“A reincidência é alta. Eu cheguei a aprender , com o diretor de inteligência, o mesmo indivíduo duas vezes com a arma de fogo. Ele foi preso, conduzido, feito o termo, ele foi solto. No dia seguinte, ele foi preso com outra arma de fogo. lançou uma portaria, que vai procurar manter a prisão preventiva por 30 dias, que é o tempo do inquérito. Às vezes sai e dá até tchau para a guarnição. Por isso, o trabalho da polícia deve ser de muita resiliência,muita concentração. Nosso policial está preparado, não é correto bater, torturar, xingar, faça seu trabalho. Se ele não ficar preso, lamentavelmente, ele não vai se corrigir, nós vamos ficar na cola dele, e, no primeiro deslize, prendemos de novo até que uma legislação ou aplicador da lei consiga deixar ele enclausurado”, afirmou.
O comandante ainda destacou o fato do Piauí se configurar entre os estados menos letais do país. Ele aproveitou e fez um balanço de ações em dois anos e meio de atuação. “Ao que se deve resultado, profissionalimo, técnica, capacitação, novos investimentos em cursos. Nós atendemos 100 mil ocorrências por ano. Prendemos quase 33 mil, em 2 anos e meio. Apreendemos 335 mil toneladas de drogas e quase 5 mil de armas de fogo, recuperamos mais de 10 mil veículos e quase 15 mil celulares. Nós aumentamos em mais de 561% o volume de operações só no combate às drogas”, afirmou.
Segundo o comandante, o efetivo necessário de policial seria de algo em torno de 12 mil agentes. Ele explicou que com as recentes convocações e a modernização dos equipamentos, houve um avanço na segurança do estado. “As câmeras corporais vão dar mais legitimidade ao trabalho da polícia. Inclusive vão ter reduções na corregedoria por denúncias caluniosas. O Spia está aí com as câmeras, vão ter também drones, então assim, são muitas previsões de melhorias. Se nós estamos avançando e você tá vendo, você me diz que a população reconhece? A população reconhece. Eu agradeço e vamos avançar cada vez mais”, reforçou.