O delegado Humberto Mácula deu mais detalhes sobre a Operação Jogo Sujo 3, deflagrada nesta quarta-feira (25), que teve como alvo influenciadores digitais envolvidos na divulgação de jogos de azar ilegais. Entre os investigados estão Maria Vitória Silva de Sousa Lima (DJ Latina Gold), Domingos da Silva Ferreira (DJ Loboox), Nayanna Fonseca e Nathalya Therccia Carlos Ribeiro.
Segundo o delegado, já foi solicitada a derrubada das redes sociais dos investigados. "Foram feitos os pedidos de derrubada dessas contas, foram pedidos o bloqueio de bens e valores. Veículos, produtos, casas podem ser sequestrados, foram apreendidos. Eles podem ser acionados por essas pessoas que foram lesadas por colaborar e participar dessa organização. A gente recebe quase que semanalmente vítimas que perderam tudo. Nesse caso em específico, uma pessoa perdeu R$ 400 mil; ela recebia dinheiro da família para cursar uma faculdade e acabou se viciando nesse jogo como um entorpecente. Foi solicitada a derrubada dos perfis, leva algum tempo para que a empresa Meta possa fazer essa ação, mas já foi deferido pelo juiz e, em pouco tempo, esses perfis serão derrubados", disse.
Mácula destacou ainda, à TV Antena 10, que os influenciadores são apenas uma parte de um esquema maior. "A gente tem certeza, dentro dessa investigação, que os influenciadores são apenas a ponta do iceberg, mas uma ponta relevante. Eles são cooptados para divulgar essa estrutura da organização criminosa que envolve esses jogos ilegais. Por trás de todo esse glamour, de toda essa divulgação, existe um lado de vítimas prejudicadas, que perdem tudo, que vendem tudo, economias de família, vítimas em depressão. Pessoas se viciavam nessas plataformas e perdiam tudo que tinham", completou o delegado.
Durante o depoimento, DJ Latina (Maria Vitória) foi questionada sobre quem a convidou para participar do esquema. Ela respondeu: "Foram os chineses. Não pretendo voltar a divulgar, pretendo ter minha loja e não divulgar mais", disse Latina.
Depois disso, o delegado afirmou que a investigação já identificou participantes estrangeiros na operação da organização criminosa. "Existem pessoas de outros países que estão infiltradas no Brasil promovendo isso, e também fora. Tudo isso será dirimido e nós estamos escalando essa investigação para, a qualquer momento, descortinar outros personagens dessa organização criminosa. Já montamos toda a estrutura criminosa, as investigações continuam e isso já está no nosso radar. Em um futuro bem próximo, chegaremos nessas pessoas, nessas pessoas que fazem com que essa organização funcione. Cada uma delas, cada peça, tem uma função específica, e os influenciadores também, como coautores, para levar toda essa organização e essas plataformas para a sociedade e prejudicar pessoas", disse o delegado.
Ainda segundo ele, a operação se baseia em diversos crimes previstos na legislação brasileira. "As nossas investigações são fundamentadas pela legislação penal, contravenção penal de jogos de azar, lavagem de dinheiro e, comprovada a questão do Demo, entra aí estelionato ou crime contra o consumidor. Estamos analisando ainda e, ao final, entregaremos o relatório", explicou Mácula.
A investigação revelou movimentações milionárias; além dos R$ 14,7 milhões movimentos pelo casal de DJs, a influenciadora Nayanna Fonseca teria movimentado cerca de R$ 9 milhões. Nathalya Therccia Carlos Ribeiro também participou ativamente do esquema, segundo o delegado.
"Therccia Carlos Ribeiro participou do esquema da mesma forma, como influenciadora que acabava atraindo pessoas para jogar nessas plataformas, que a todo tempo mudavam. A plataforma não é única, ela vai mudando justamente para despistar a fiscalização e auditoria que possa ter. O algoritmo é feito para que a pessoa perca", concluiu Humberto Mácula.
Operação Jogo Sujo 3
A Polícia Civil do Piauí deflagrou, nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira (25), mais uma etapa da Operação Jogo Sujo para combater jogos de azar promovidos por influenciadores. Na ação, os agentes cumpriram 8 mandados judiciais em Teresina.
De acordo com as informações da polícia, foram cumpridos mandados de prisão, busca e apreensão. A operação tem como como foco inibir a prática de divulgação de jogos de azar através das redes sociais de forma ilegal. Os influenciadores investigados na operação utilizavam as chamadas "contas demos" para simular ganhos fictícios, induzindo assim, de forma enganosa, os seguidores ao esquema fraudulento.
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