A Polícia Civil do Piauí (PCPI) deflagrou na manhã desta quarta-feira (22) a Operação Capital Oculto, que resultou na prisão de 11 pessoas, incluindo João Paulo, líder de uma organização criminosa independente que atua no Piauí e Maranhão. A operação, que também envolveu o cumprimento de 23 mandados de busca e apreensão, aconteceu nas cidades de Teresina, Esperantina e Timon-MA. Entre os presos, estão a esposa de João Paulo e mais nove envolvidos no esquema.
João Paulo foi capturado juntamente com a esposa em um imóvel de alto padrão localizado na região da Santa Maria da Codipi, zona Norte de Teresina. A investigação revelou que o líder da organização não tem ligações com facções criminosas tradicionais como o PCC ou o Bonde dos 40, que atuam em Teresina e em grande parte do Brasil.
O delegado Samuel Silveira, do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), destacou à TV Antena 10 que, ao contrário do que se observa em outras organizações criminosas, a estrutura liderada por João Paulo não estava vinculada a facções maiores.
"Foram 8 mandados de prisão e 23 mandados de busca e apreensão que resultaram em 11 prisões no total. A organização criminosa tem a peculiaridade de não ser uma célula de uma facção maior, como tradicionalmente vemos aqui na capital. João Paulo conseguiu criar algo independente, que alimentava o tráfico em cidades como Esperantina. Foi a partir dessa investigação que conseguimos identificar um total de R$ 12 milhões em transações financeiras nas contas bancárias dele, realizadas de forma extremamente sigilosa", afirmou o delegado.
De acordo com o delegado, João Paulo começou como um pequeno traficante e, com o tempo, expandiu suas operações, ganhando terreno principalmente em Esperantina e na zona norte de Teresina. "Ele conseguiu formatar 4 empresas, sendo 3 delas de fachada. Uma dessas empresas operava no ramo de comércio de roupas, com sua esposa à frente. Ela estava completamente ciente das atividades criminosas e dividia a liderança do tráfico com ele", explicou o delegado.
O esquema de lavagem de dinheiro e a expansão financeira da organização foram facilitados pelo uso dessas empresas de fachada. "Ele tinha uma presença na zona norte de Teresina, mas a sua maior força estava em Esperantina. Esse crescimento financeiro se deu principalmente por meio do branqueamento de dinheiro, utilizando essas empresas de fachada. Ele conseguiu comandar sua organização de maneira independente, com um sistema bem estruturado de hierarquia", completou Silveira.
A operação também prendeu três indivíduos em Esperantina, responsáveis pela venda de drogas na cidade e vinculados diretamente à organização de João Paulo. Outros envolvidos no tráfico foram capturados em Teresina. "A estrutura do grupo funcionava de forma segmentada, com João Paulo e sua esposa como os líderes", ressaltou o delegado.
Durante a operação, foram apreendidas armas de fogo, mas João Paulo não é acusado de envolvimento em crimes violentos, como homicídios. Uma das estratégias utilizadas pela organização para lavar dinheiro, conforme apurado pela polícia, foi a construção de kitnets, com o objetivo de ocultar a origem ilícita dos recursos.
João Paulo e sua esposa ainda serão ouvidos pelas autoridades e as investigações continuam para desarticular completamente o esquema criminoso.