O Governo do Piauí encaminhou à Assembleia Legislativa (Alepi) três pedidos de empréstimos, sendo dois deles voltados à renegociação de dívidas já existentes. Segundo o secretário de Planejamento, Washington Bonfim, as medidas fazem parte de um esforço de reestruturação financeira para melhorar o fluxo de pagamentos do estado.
“Como nós não temos dívidas com o Governo Federal, o governador Rafael Fonteles negociou com o próprio Governo Federal um processo de reestruturação das nossas dívidas. Então, 2 desses projetos de lei que estão na Assembleia, na verdade, reestruturam a dívida do estado; um com o Banco do Brasil e outro em moeda estrangeira com o Banco Mundial”, afirmou o secretário à TV Antena 10.
Washington Bonfim detalhou ainda que a renegociação prevê a ampliação dos prazos para quitação dos débitos. “Esses dois empréstimos, na realidade, são uma política de reestruturação da dívida do estado, que vai ser alongada por um prazo de 25 anos no caso do Banco do Brasil e 30 anos para o Banco Mundial, aliviando o fluxo de pagamento do estado.”
Entre 2021 e 2024, o Piauí contratou mais de R$ 10 bilhões em empréstimos. Em 2025, esse valor poderá ultrapassar R$ 11 bilhões, sendo R$ 5,8 bilhões junto ao Banco do Brasil com garantia da União, R$ 2,98 bilhões com o mesmo banco e US$ 392 milhões em dólares.
A oposição questionou a necessidade de novos empréstimos e alertou para possíveis dificuldades financeiras do estado. O deputado estadual Gustavo Neiva (Progressistas) criticou a medida e a classificou como um sinal de alerta.
“Não é o momento ideal para se pegar empréstimo. Os juros estão nas alturas, o maior nível desde 2013. Não precisa ser economista para saber que esse não é o momento de pegar empréstimo. Quando você pega um empréstimo para pagar outro, é o primeiro sinal de que está quebrado, que não tem condições de honrar com os compromissos já assumidos. Você empurra o problema mais para frente, toma fôlego, mas esse é o primeiro sinal de que você está quebrado”, disse o parlamentar à TV Antena 10.
Bonfim reagiu às críticas e disse que essa é uma oportunidade para manter os investimentos do Estado em áreas prioritárias, como saúde, educação, infraestrutura e outras.
“Eu não entendo a crítica, acho que é míope. Na verdade, a gente está oferecendo uma oportunidade para que o estado, no curto prazo, crie condições de infraestrutura, saúde, educação e desenvolvimento econômico, que vão efetivamente pagar essa dívida. Em termos de recurso próprio, a gente dispõe de cerca de R$ 400 milhões na fonte do tesouro para investimentos por ano. Com a tomada de recursos externos, levantamos esse valor de investimento para R$ 3 bilhões no ano passado”, rebateu.