No próximo domingo (30) os brasileiros retornarão às urnas para escolher o novo ou reeleger o atual presidente. Pela primeira vez o pleito será decidido entre dois nomes que já comandaram o país: Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A dois dias das eleições, a disputa entre Lula e Bolsonaro no segundo turno é a terceira mais acirrada desde a redemocratização, perdendo apenas para as eleições de 2014 e 1989, de acordo com o levantamento do Pulso com base em pesquisas feitas pelo Datafolha. O cenário é visto como 'imprevisível', tendo em vista que a diferença entre os dois candidatos, no 1º turno, foi de mais de 6 milhões de votos.
Nesta reta final, as campanhas de Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) concentraram em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro a metade de todo o valor investido em propaganda política no Google. Nos três estados, apenas o eleitorado mineiro deu a vitória para o candidato do PT no 1º turno; os paulistas e fluminenses optaram por Bolsonaro.
O A10+ apurou que desde 1989, quando o Brasil voltou a ter eleições presidenciais diretas – e estreou o mecanismo de segundo turno –, nunca houve uma reviravolta na corrida ao Planalto entre um turno e outro. Essa foi a regra em todas as seis disputas presidenciais que tiveram segundo turno entre 1989 e 2018.
O candidato que mais chegou perto de conseguir virar uma eleição foi Aécio Neves (PSDB) em 2014. Na época, o PT vivia um má fase com diversas acusações de corrupção e a baixa aprovação do governo Dilma Rousseff. Em uma disputa acirrada, a então presidente conseguiu vencer o tucano, mas com uma diferença de apenas 3,2 pontos, sendo considerando o pleito presidencial mais acirrado desde a redemocratização.
Em 1989, três pontos percentuais também separavam o ex-presidente Fernando Collor, então do PRN, de Lula (PT), na primeira eleição direta para presidente da República após a ditadura militar. A pesquisa Datafolha que havia sido realizada a nove dias do segundo turno mostrava Collor com 47% e Lula, 44%.
Pesquisas oscilam, e vantagem de Lula que, antes era de até 14 pontos, caiu para 5
As pesquisas dos institutos nacionais apontam que a vantagem de Lula para Bolsonaro vem se estreitando. No 1º turno, os levantamentos mostravam o petista com até 14 pontos de diferença e com chances de vencer no 1º turno, o que não ocorreu.
Agora, o cenário é diferente, no entanto, nunca houve uma virada no segundo turno presidencial. Sempre o primeiro colocado no primeiro turno saiu vencedor, como aconteceu com Bolsonaro (2018), Dilma (2014 e 2010), Lula (2002 e 2006) e Collor (1989). O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi o único a ser eleito em um único turno.
Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (27), encomendada pela "Folha de S.Paulo", apontou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria 49% de intenção de votos no segundo turno e que o presidente Jair Bolsonaro (PL) teria 44%. Uma diferença de 5%.
Nos votos válidos, o levantamento mostrou que Lula teria 53%, e Bolsonaro, 47%. Para calcular os votos válidos, são excluídos os brancos, os nulos e os de eleitores que se declaram indecisos. O procedimento é o mesmo utilizado pela Justiça Eleitoral para divulgar o resultado oficial da eleição.
A história de Minas Gerais nas eleições presidenciais
O estado de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, tem mais de 16 milhões de eleitores e foi um dos principais focos de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) desde o início da corrida eleitoral rumo ao segundo turno. Historicamente, o candidato que ganhou em MG ganhou também a eleição para presidente.
Nas últimas cinco eleições presidenciais os dados mostraram que os resultados mineiros tiveram uma diferença de, no máximo, 5,2 pontos percentuais em relação à votação nacional.
A eleição mais próxima até então foi a de 2014. Na época, Dilma Rousseff (PT) foi reeleita com 51,29% dos votos – e teve 52,24% dos votos dos eleitores de Minas Gerais.
Em 2018, Jair Bolsonaro (PL, ex-PSL) se elegeu presidente com 55,13% dos votos. Já em Minas, o capitão recebeu 58,19% dos votos – uma diferença de 3,06 pontos percentuais.
No 1º turno das eleições deste ano, os indicadores de Minas e do país foram muito próximos. O ex-presidente Lula (PT) recebeu 48,43% dos votos no Brasil e 48,29% no estado mineiro. Já Bolsonaro, que disputa a reeleição, recebeu 43,20% no país e 43,60% em Minas.
Números do 1º turno
No primeiro turno, Lula obteve 57.259.504 votos (48,43%) e Bolsonaro 51.072.345 votos (43,20%). De acordo com a corte eleitoral, os votos válidos totalizaram 118.229.719. A abstenção foi de 20,95%. Os votos nulos alcançaram 2,82% do total de votos. Já os votos em branco somaram 1,59%. Foram apuradas 472.075 seções eleitorais.
Lula foi o mais votado em todos os municípios do Ceará, da Paraíba, do Piauí e de Sergipe. Bolsonaro, por sua vez, conquistou Rondônia completamente, além do Distrito Federal. Em comparação com 2018, Bolsonaro perdeu 660 cidades, enquanto o PT, que naquele ano tinha Fernando Haddad como candidato à Presidência, passou de 2.614 cidades para as atuais 3,4 mil.