O encerramento do ano trouxe sinais claros de movimentação política antecipada rumo à disputa presidencial de 2026.
Em lados opostos do espectro político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Jair Bolsonaro usaram mensagens públicas recentes para reforçar agendas, marcar posições e falar diretamente a seus públicos, em um clima mais próximo de palanque do que de balanço institucional.
Na mensagem de Natal exibida em rede nacional, Lula adotou tom propositivo e destacou ações do governo com forte apelo social. Um dos principais pontos abordados envolveu a defesa do fim da escala de trabalho 6x1, tema com ampla aceitação popular e potencial mobilizador no debate eleitoral.
“O fim da escala 6x1, sem redução de salário, é uma demanda do povo que cabe a nós, representantes do povo, escutar e transformar em realidade”, afirmou o presidente.
O discurso também trouxe medidas econômicas com impacto direto no orçamento das famílias. Lula citou a ampliação do Minha Casa, Minha Vida para a classe média e o encerramento da cobrança de Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil.
“Para milhões de brasileiras e brasileiros, o último dia do ano também será o último dia com Imposto de Renda descontado no salário”, declarou. Segundo ele, a mudança deve aliviar despesas domésticas e estimular a economia.
Diplomacia e segurança
No campo internacional, o presidente mencionou a resposta brasileira ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos, ressaltando a aposta no diálogo diplomático.
A aproximação entre Lula e o presidente norte-americano, Donald Trump, resultou na suspensão de tarifas sobre carne bovina e produtos agropecuários, apresentada como exemplo de articulação externa do governo.
Outro eixo explorado na fala presidencial envolveu a segurança pública, tema recorrente em disputas eleitorais. Lula destacou ações da Polícia Federal contra o crime organizado.
“Neste ano, a Polícia Federal comandou a maior operação já feita contra o crime organizado”, disse, ao acrescentar que o enfrentamento às facções passou a alcançar lideranças de alto escalão.
Em nome do filho
Do outro lado, Jair Bolsonaro também sinalizou seus planos políticos em mensagem divulgada no dia de sua cirurgia de hérnia.
Em carta escrita à mão, o ex-presidente formalizou a indicação do filho, o senador Flávio Bolsonaro, como pré-candidato à Presidência em 2026, associando a decisão a um discurso de injustiça e continuidade política.
“Diante de um cenário de injustiça e com o compromisso de não permitir que a vontade popular seja silenciada, decidi indicar Flávio Bolsonaro como pré-candidato à Presidência da República em 2026”, escreveu.
Em outro trecho, reforçou o peso simbólico da escolha: “Entrego, assim, o que há de mais importante na vida de um pai: o próprio filho, à missão de resgatar o nosso país”.
Após a divulgação da carta, Flávio Bolsonaro falou com a imprensa em frente ao hospital e adotou tom de mobilização política, mesmo ao comentar o estado de saúde do pai. Ele relatou melhora no quadro clínico e destacou a união da família em torno do projeto político.
“Estão todos aí imbuídos em primeiro lugar pela saúde dele e depois para dar continuidade a esse projeto aqui de resgate do nosso Brasil”, afirmou.
Efeito político
Sobre o impacto do documento, o senador minimizou novidades, mas reconheceu o efeito político da formalização.
“Acho que isso aqui tira qualquer sombra de dúvida. Para mim não muda nada; para algumas pessoas, que ainda não estavam acreditando, pode ser que mude”, disse.
Em seguida, fez um apelo direto à base aliada: “Só peço que todos se unam, a gente tem que buscar a unidade para evitar que o PT destrua o país”.