A gestação é um dos momentos mais especiais na vida do casal, especialmente das mulheres que sonham em ser mães, entretanto, mesmo com todo cuidado que o momento exige, nem tudo sai como o planejado. Um desses eventos imprevistos é o aborto retido, morte embrionária em que o feto não é expulso para o exterior, podendo ficar retido dentro do útero por semanas. Em entrevista ao Fala Piauí, da TV Antena 10, algumas mães contam como lidaram com a situação e, principalmente, como superaram o trauma.
A maquiadora Camilly Carla descobriu o aborto durante um exame de rotina e, ao perceber que o coração do bebê não batia, ela e o companheiro ficaram desesperados.
“A descoberta foi um dos momentos mais felizes das nossas vidas. A gente ficou muito feliz, mas logo depois veio o tal do aborto retido, que eu nem sabia o que era. Eu fui a uma consulta na maternidade e quando a médica foi fazer a transvaginal, ela falou que não tinha batimentos cardíacos e possivelmente era uma gravidez involutiva. Eu tomei um susto. A gente se desesperou muito,” desabafou.
O aborto retido acontece geralmente entre a 8ª e 32ª semana de gestação e, na maioria das vezes, não apresenta sintomas, atrasando a percepção dos pais. Este tipo de aborto pode ser causado por inúmeras razões, é o conta o médico especialista em reprodução André Luiz.
“Uma dessas causas é a genética. A causa do aborto pode ser hormonal, infecciosa, anatômica, imunológica, trombofilia tanto adquirida quanto hereditária. Muitas vezes o medico só vai buscar as causas do abortos depois de duas ou três perdas, que são os aborto de repetição. A gente já prioriza fazer toda a avaliação após a primeira perda”, explicou.
A apresentadora Mônica Freitas, que comanda o Pode Entrar, na TV Antena 10, também foi sofreu com a perda do bebê que esperava. Ela contou ao Fala Piauí que descobriu, com três meses de gestação, que o aborto foi causado por má formação.
“Eu não sabia que era muito comum. Quando eu fui pra minha segunda consulta já estava com dois meses de gestação, quando chegamos lá estava aquele silêncio... olhamos para a tela e não tinha nenhum movimento e foi quando veio a triste notícia de que o coraçãozinho tinha parado. Ali o mundo acabou", disse.
Após uma perda a informação é o melhor caminho a se tomar. O médico enfatiza que investigar a causa do aborto pode ser crucial para planejar uma nova gravidez. “É predico fazer toda essa investigação. Tratar o que estiver alterado ou cuidar preventivamente. Caso ela tenha um trombofilia, ela usa preventivamente a Heparina para evitar novo aborto e aí ela vai conseguir engravidar e ter o seu bebê”, disse.
Essa espécie de luto também abala o psicológico, tanto dos pais como de toda a família. A psicóloga Ianny Luizy explica à reportagem que quando essa perda ocorre o ideal é ressignificar a dor para a partir daí seguir em frente, lutando pelo sonho.
“Você tinha aquele sonho, você já se tornou mãe, então você vai ter que ressignificar essa dor. Acolham a dor de vocês, saibam que não estão sozinhas. Se por ventura o seu luto durar bastante tempo e gerar um sofrimento muito grande, procure ajuda psicológica”, recomenda.
Sem desistir e tomando os cuidados necessários, Camilly continua perseverante no sonho de se tornar mãe. Para outras mamães que passam pela mesma espera ela manda um recado:
“Para as mamães que infelizmente já foram vítimas disso eu só desejo força, porque é um momento muito difícil, e uma dor que desfaleça no peito da gente, mas não desista do milagre porque logo logo o bebê arco-íris da gente vai vir”, finalizou.