No Piauí, idoso alega que foi abandonado pela família há 10 anos após diagnóstico de neuropatia

A Reportagem da Semana mostra a história de um idoso que diz que não teve mais contato com a família em Teresina; assista

O período da velhice pode ser para muitos um momento especial em que espera-se passar mais tempo ao lado dos filhos, dos netos e, quem sabe, dos bisnetos. Entretanto não é isso que acontece. Como forma de chamar atenção ao tema, o governador Rafael Fonteles sancionou a lei que que institui a campanha "Idosos Órfãos de Filhos Vivos". O texto foi publicado no Diário Oficial do Estado de 11 de julho.

A Reportagem da Semana, do telejornal Piauí no Ar, conversou com o corretor de imóveis aposentado, Newton Brito, de 66 anos. Ele relatou que há 10 anos foi abandonado pela família após o diagnóstico de neuropatia. 


Antes da doença, Newton era uma pessoa ativa, atuava como corretor de imóveis. Ele conta que gostava de trabalhar e se dedicava à família. Porém, com o diagnóstico, foi se vendo sozinho e desamparado. A doença o impossibilitou de trabalhar e afetou sua situação financeira. 

“Antes desse problema de neuropatia chegar eu era uma pessoa que vivia de trabalho, me dedicando ao trabalho e à família, mas aí a neuropatia chegou. Eu não tive mais condições de trabalhar. E eu percebi que eles começaram a se afastar. A esposa saiu de casa sem motivo, aí depois os filhos foram morar com ela e eu fiquei aqui sozinho. Um dos motivos de eu ficar sozinho foi não poder dar aquele padrão de vida pra eles", desabafa.

Abrigos lotados

Atualmente o Piauí possui mais de 200 idosos em instituições de longa permanência. Esse abandono se caracteriza em um aspecto material, onde a legislação impõe aos filhos o cuidado com os idosos. Diante da grande quantidade de abandonos, conta a diretora do abrigo Sao Lucas, Liliane Alves, tanto instituições públicas quanto privadas de Teresina lidam com dificuldades financeiros para garantir a residência dos idosos.

  

Para chamar atenção ao tema, o governador Rafael Fonteles sancionou a lei que que institui a campanha "Idosos Órfãos de Filhos Vivos" TV Antena 10

   

“Hoje infelizmente as instituições de longa permanência para idosos não têm vaga. A gente sabe que a realidade é muito cruel por conta de que existe uma fila de espera, a demanda e grande e não tem lugar para esses idosos morarem. Com a pandemia, a gente sabe que diminuiu muito o numero de doações, as instituições tiveram de fazer contratações específicas, então tudo mudou”, afirma  a diretora. 

Vulnerabilidade psicológica

Boa parte dos idoso que perde o contato com a família acaba desenvolvendo depressão e ansiedade, caindo em um estado de vulnerabilidade psicológica. A psicologa Amparo Silva, fala que a perda do suporte familiar contribui significativamente para o adoecimento.

“A ruptura desse vínculo com os filhos e com o ambiente familiar é quase que um processo de adoecimento certo. Porque nesse ambientes ele troca ideias, ele constrói esperança, ele vê suas ideais sendo concretizada, quando isso e rompido ha um esvaziamento de sentido na vida desse idoso. Quando eu me vejo sem me pertencer a um ciclo que e a família isso vai perdendo o sentido“, explica.

"Idosos Órfãos de Filhos Vivos"

Nesta semana, como forma de ressaltar a importância sobre a necessidade dos cuidados aos idosos por parte de seus familiares, o governador Rafael Fonteles sancionou a Lei nº 8.445, de 10 de julho de 2024, que institui a campanha "Idosos Órfãos de Filhos Vivos"

A campanha será realizada pela Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos (SASC), que promoverá eventos e palestras voltadas para a reflexão sobre a necessidade dos cuidados aos idosos por parte de seus familiares. O órgão também deverá buscar parceria com empresas privadas, para ampliar seu alcance e impacto.