(Atualizada às 10h53)
Enquanto dentro da Câmara Municipal de Teresina uma audiência acontece, do lado de fora, motoristas e cobradores fazem um protesto contra as possíveis demissões em massa na capital. Segundo Cláudio Gomes, diretor do Sindicato dos Trabalhadores de Empresas de Transportes Rodoviários do Piauí (Sintetro), existe a ameaça de demissão em massa após a Prefeitura de Teresina anunciar a gratuidade no transporte público. Uma das vias da Avenida Marechal Castelo Branco foi interditada pela queima de pneus.
"A última do prefeito de colocar um empresário para resolver os problemas de muitos e muitos anos, a população não aguenta, a população que ônibus na rua. Não tem ônibus pagando, imagine de graça. Hoje estamos aqui querendo uma solução. Está muito difícil de defender essa categoria porque a gente não ver a Câmara dos vereadores, Ministério Público, Prefeitura resolver nada. O pior salário do Brasil é Teresina e uma das passagens mais caras. Estão querendo obrigar os trabalhadores a pedir rescisão indireta e a Prefeitura quer contratar novas empresas e deixar o trabalhador na mão", afirma Cláudio Gomes à TV Antena 10.
O vice-presidente da Setut, Marcelino Lopes, já havia relato, durante coletiva, que existe a proposta da retirada dos cobradores dos ônibus que, segundo ele, deve acontecer ainda em fevereiro. "Vai retirar o cobrador do dia para noite. Precisa ser discutido, é preciso que a gente trate isso com carinho. Tipo assim, será que dá pra aproveitar 20% da mão de obra? Nos terminais como fiscal, alguma coisa. A gente precisa fazer alguma coisa. Eles estão muito preocupados com essa ideia de tirar os cobradores agora em fevereiro", disse.
Em reunião da Comissão de Transporte da Câmara, o vereador Enzo Samuel defende a criação de um novo Plano Diretor de Transportes para a capital.
"Teresina precisa de um novo Plano Diretor de Transportes escutando as comunidades e usuários para gente poder dimensionar o destino de origem, o destino de chegada, para que a gente possa tornar o transporte mais eficiente. Precisamos passar por essa rediscussão. Não tem mais como o trabalhador ficar sofrendo, a gente escutando e não ter solução. A Câmara não é a favor da demissão em massa. Cabe a Prefeitura tomar as decisoes, nao adianta eu pautar o novo plano e a Prefeitura nao fazer o encaminhamento. Então é importante discutir", destaca o vereador Enzo Samuel.
No protesto organizado na Avenida Marechal Castelo Branco, motoristas e cobradores, além de movimentos estudantis e sindicais fazem queima de pneus, além de fogos de artifício, o que deixa agora a via paralisada. Acompanhando a movimentação na Câmara, o vereador Dudu (PT) garantiu que os trabalhadores não serão demitidos.
"Eles estão aqui reivindicando com toda legitimidade, com todo direito, uma condição que eles colocam aqui de que há um plano para demissão dos trabalhadores. Eu venho defendendo desde o temp lá atrás, desde a CPI que alguns deles estavam conosco, que esse sistema do jeito que está, eles não estão nem ai para nada. Agora cabe a gente dar o passo a mais e resolver a situação. Um compromisso que nós temos aqui é que ninguém do sistema vai ser demitido ou deixar de receber seus direitos. Problemas no sistema de transporte de Teresina tem de sobra e o pau está quebrando justamente nos trabalhadores", afirma o vereador Dudu.
No dia 12 de janeiro, o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut) informou durante coletiva, que foi pego de surpresa com a decisão da prefeitura de implantar o Passe Livre que vai garantir gratuidade para pessoas desempregadas e em situação de vulnerabilidade social. A direção do sindicato demonstrou preocupação acerca dos repasses que a prefeitura ainda tem que fazer.
O vice-presidente do Setut, Marcelino Lopes, afirmou que atualmente a prefeitura tem um déficit de R$ 5 milhões com os consórcios e com a implementação de uma tarifa zero o valor a ser repassado seria quase o dobro, o que preocupa os empresários por falta do repasse inicial.
De acordo com dados da Strans, o custo mensal para manter o transporte público na capital hoje é de R$ 10 milhões. O sindicato estima que os custos, caso seja aprovado o projeto, podem chegar a R$ 15 milhões.