O Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) aprovou, na noite dessa quarta-feira (30), a interdição ética parcial do Hospital e Maternidade do Buenos Aires, localizado na zona Norte de Teresina. Com a interdição, nenhum novo paciente será atendido na unidade de saúde.
De acordo com o CRM-PI, desde fiscalização realizada no último dia 27 de outubro, o hospital foi colocado em indicativo de interdição após serem identificados diversos problemas como ausência frequente de soro fisiológico, falta de algumas medicações analgésicas e antibióticos, escala de neonatologia incompleta comprometendo a segurança dos recém-nascidos da maternidade, falta de luvas de procedimentos, além de outras irregularidades.
Na quarta-feira (30), durante nova fiscalização, o Conselho afirmou que não houve correção dos problemas detectados que vêm acarretando riscos para o tratamento da população, bem como comprometendo a prestação dos serviços dos médicos, e por isso decidiu interditar o local.
"O CRM-PI entende que a medida de interdição ética é dura, mas necessária, pois certamente vai evitar que novos pacientes sejam internados ou recebam qualquer tipo de atendimento sob condições não ideais, colocando em risco a vida dos mesmos. A interdição também visa resguardar os médicos, de forma que não trabalhem sem as condições mínimas necessárias para salvar vidas", disse o CRM-PI.
Ainda segundo o Conselho de Medicina, com a interdição, nenhum novo paciente será atendido no local. Já aqueles que estiverem internados e não puderem ser encaminhados para outras unidades de saúde, ficarão sob supervisão médica até a alta.
O CRM acrescentou ainda que a interdição é por tempo indeterminado, mas assim que as irregularidades forem sanadas, o Hospital do Buenos Aires será aberto novamente.
O Conselho destacou que teve uma nova reunião com gestores da FMS, mas não foram apresentadas soluções para os problemas citados e por isso decidiram na interdição ética.
Fiscalizações
O CRM-PI informou que a interdição ética foi a medida final tomada depois de seis fiscalizações realizadas durante o ano de 2022 com comunicação aos gestores do hospital e da FMS sobre as várias irregularidades flagradas nas fiscalizações, além de várias reuniões presenciais realizadas com os gestores e inclusive o próprio prefeito nas quais foram solicitadas a solução dos problemas.
Na manhã de quarta-feira (30), houve mais uma reunião com gestores da Fundação, na qual a diretoria do CRM-PI e o Departamento de Fiscalização esperavam ouvir sobre medidas tomadas para solução dos problemas, mas como isso não aconteceu, e esgotados todos os prazos e solicitações, não restou ao Conselho outra saída, a não ser a interdição ética. Estiveram presentes na reunião, a diretora de Assistência Hospitalar da FMS, Clara Leal, e a secretária imediata do gabinete do prefeito, Dr. Pessoa, Andréia Lima de Sousa Pessoa.
Outro lado
A Fundação Municipal de Saúde (FMS) informou ao A10+ que irá se pronunciar sobre o assunto em coletiva de imprensa marcada para ocorrer nesta quinta-feira (01).