O Governo do Piauí inaugurou nesta quarta-feira (13), a primeira etapa do Porto Piauí, em Luís Correia. A solenidade, realizada com a presença de diversas autoridades e um navio da Marinha, marcou o pontapé inicial para o desenvolvimento econômico da região e a expectativa de impacto direto na geração de empregos e no PIB do estado.
A primeira etapa consiste na entrega do canal de acesso; a retroárea, que consiste na área imediatamente após o cais; a urbanização da via; o ambiente de acesso (portal), onde será construído o centro administrativo do porto; além do pátio de contêiner e o pátio de mercadorias em geral. O porto teve as obras retomadas em março deste ano, após anos paralisadas. De acordo com o governador Rafael Fonteles, a cadeia de pesca local será a primeira a ser beneficiada.
O líder do executivo estadual comemorou o avanço e destacou que o principal ponto de questionamento quanto ao Porto Piauí era o calado, que é a expressão do transporte marítimo que significa profundidade em que cada navio está submerso na água. Para ele, a incredulidade foi vencida, visto que agora o Porto tem condições de receber navios de grande porte. A região ainda terá outras etapas de aprofundamento.
O local está apto a receber embarcações com comprimento de 60 metros, calado de 6 metros e boca de 11 metros. Porém, a operação de navios regulares, levando e trazendo mercadorias, só será possível após a instalação de terminais específicos, que serão construídos pelas empresas interessadas em operar no local.
“A cadeia da pesca será a primeira a ser beneficiada. Em breve teremos ali uma indústria de conserva de atum, por exemplo, que vai gerar milhares de empregos diretos e indiretos. E na sequência vai vir os outros terminais, grãos, de contêineres. Ainda no próximo ano, muito provavelmente teremos a primeira exportação de minério de ferro de Piripiri, provando essa total viabilidade. O calado que estamos aqui era menos de 3 metros, agora já chega de 7 a 9 metros. Essa variação é por conta da maré. A profundidade mínima agora é 7, podendo chegar a 9 na maré alta e agora teremos obviamente mais etapas de aprofundamento desse calado, para termos navios de qualquer porte. Mas com o calado atual, já é possível fazer cabotagem, sair mercadoria para outros portos, já atende ao terminal pesqueiro, já atende a navios de até 30 mil toneladas. Então nós teremos uma evolução ao longo dos próximos meses e anos, que todos vocês poderão acompanhar. O Porto começa assim. Quem acompanhou por exemplo a evolução de Pecém, há 20 anos atrás, vê o que ele se transformou, algo muito semelhante irá acontecer aqui”, destacou o governador.
De acordo com o governador, Luís Correia pode ter seu PIB duplicado com o terminal pesqueiro, além da indústria de pesca. O estado perde cerca de R$ 300 milhões por ano com a ausência de um porto em funcionamento.
“Para Luís Correia, quando tivermos o terminal pesqueiro funcionando indústria de pesca, vai mais do que dobrar o PIB de Luís Correia. Nós seremos o maior fornecedor de hidrogênio do mundo, de energia limpa para o Brasil e para o mundo. Sem sombra de dúvida, quando todos esses terminais estiverem em funcionamento, nós iremos mais do que duplicar o PIB do estado do Piauí. É realmente algo muito relevante. Era um gargalo que nós tínhamos. Para você ter a ideia, o Piauí perde hoje mais de R$ 300 milhões por ano, só pelo fato de não ter porto e não importar o que consumimos, como combustíveis, fertilizantes, pelo nosso próprio estado. Era uma desconfiança muito grande, esse calado. Hoje, esse dia, nós celebramos o fim dessa desconfiança, o fim dessa incredulidade”, completa.
O Governo do Estado estima que no segundo semestre de 2024 já haverá mercadorias sendo transportadas pelo porto, assim que o primeiro terminal ficar pronto. O porto terá pelo menos quatro etapas, em termos de terminal, além das industriais.
Para Rafael Fonteles, o futuro é logo ali. A região, que vai receber recursos públicos e privados, viabilizará um desenvolvimento mais rápido com as indústrias associadas. “O porto é viável e teremos o desenvolvimento veloz com as indústrias associadas, o porto Piauí homenageia nosso estado, ele é importante para o Piauí todo”, pontua.
Até fevereiro de 2024, o Governo do Estado vai fazer o chamamento público, por meio de editais, para que as empresas interessadas possam explorar o porto e operar os terminais. No entanto, um dos terminais, o pesqueiro, está sendo construído pela Investe Piauí para incentivar a instalação de indústrias no local. Sendo assim, o terminal pesqueiro é o primeiro que vai funcionar, já que suas obras estão em andamento.
Relação do Porto com a ZPE, o hidrogênio verde e o sistema intermodal
O Porto Piauí nasce com três grandes vantagens em relação a outros portos marítimos em operação no país: 1) é próximo à ZPE Piauí, a segunda Zona de Processamento de Exportação em operação do Brasil e a primeira sob o novo marco regulatório do setor; 2) ficará ao lado da maior usina de hidrogênio verde do mundo; e, 3) terá mais competitividade por receber produtos por meios de transportes mais baratos, como o aquaviário e ferroviário.
- ZPE Piauí – localizada a 32 km do porto, a proximidade fará com que os produtos exportados pela ZPE sigam diretamente para o porto de Luís Correia, movimentando a economia da região. A ZPE é uma zona econômica especial que tem vantagens tributárias, administrativas, cambiais, algo muito atrativo para as empresas.
- Hidrogênio Verde - a maior usina de hidrogênio verde do mundo, que começará a ser construída na ZPE em 2024, vai impulsionar ainda mais o movimento no Porto Piauí. Isso porque o combustível produzido na usina será exportado por lá para abastecer a Europa.
- Sistema intermodal - o projeto do Intermodal do Vale do Parnaíba prevê a integração do sul ao norte do Piauí, por meio de hidrovia do Rio Parnaíba, as rodovias já existentes e a ferrovia entre Teresina e Luís Correia, que será recuperada. A possibilidade de receber mercadorias não apenas por rodovias, mas também por hidrovias e ferrovias, que são mais baratas, é outro atrativo para o porto, pois isso reduz o custo de transporte, o que, consequentemente, influencia no preço das mercadorias.
Até fevereiro, o Consórcio Intermodal do Piauí vai apresentar os resultados do estudo técnico e, em seguida, o Governo do Estado vai lançar os editais para contratação de empresas para permitir a exploração dos serviços.