No Dia da Abelha, Uespi destaca pesquisas que fortalecem a produção de mel e a preservação ambiental

Em Picos, conhecida como “Capital do Mel”, e onde está localizado o Campus Prof. Barros Araújo, nascem pesquisas sobre abelhas

No dia 3 de outubro é comemorado o Dia Nacional da Abelha. Esses insetos são fundamentais para a polinização, contribuem para a reprodução de grande parte das plantas silvestres e para a manutenção da biodiversidade. Além do papel essencial no meio ambiente, as abelhas também impactam diretamente o setor econômico. Em 2024, o Piauí alcançou a marca de 8.614,2 toneladas de mel produzidas, conquistando a liderança regional no Nordeste, segundo dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em Picos, conhecida como “Capital do Mel”, e onde está localizado o Campus Prof. Barros Araújo, nascem pesquisas sobre abelhas que trazem contribuições relevantes para a ciência e para a sociedade piauiense. A professora do curso de Agronomia, Dra. Milena Vaz, explica que o interesse em estudar as abelhas surgiu ainda na sua graduação em Engenharia Agronômica na Uespi e a acompanhou em toda a trajetória acadêmica e de pós-graduação.

  
Coleta de abelhas Ascom Uespi
 
 
 

A pesquisadora já orientou cinco alunos em trabalhos relacionados às abelhas, sendo três em áreas de cultivo e dois em ambientes urbanos e periurbanos, todos em parceria com a instituição. Sua tese de doutorado, defendida na Universidade Federal da Paraíba, também abordou a temática em colaboração com a Uespi.

“Os estudos desenvolvidos tiveram como foco compreender a diversidade de abelhas nativas em áreas de cultivo, especialmente em plantações de caju e em sistemas de agricultura familiar. O estado do Piauí é um dos menos amostrados no Brasil quando se trata de abelhas; por isso, levantamentos sobre a fauna local são fundamentais para subsidiar planos de manejo e estratégias de conservação desses insetos. A partir das informações obtidas, é possível orientar políticas públicas de proteção e manejo adequadas aos ambientes agrícolas do semiárido”, destacou a professora.

Uma das pesquisas realizadas em Picos registrou cinco gêneros de abelhas nativas, Centris spp., Augochlora spp., Trigona spp., Xylocopa spp. e Eulaema spp., número que, em sua pós-graduação, foi expandido para 432 tipos catalogados. Esses estudos enriquecem o debate sobre a relevância das abelhas tanto para a sociedade quanto para a formação acadêmica dos estudantes.

Mesmo sem uma disciplina específica no curso de Agronomia dedicada às polinizadoras, os docentes trabalham o tema em sala de aula, especialmente em disciplinas ligadas às culturas agrícolas.

“Estudos mostram que esses insetos são responsáveis pela polinização de mais de 50% das plantas das florestas tropicais e que, no Cerrado brasileiro, podem chegar a polinizar mais de 80% das espécies vegetais. Quando se trata de espécies cultivadas e diretamente relacionadas à alimentação humana, as abelhas são responsáveis pela polinização de 73% das plantas cultivadas e de 42% das 57 principais espécies agrícolas do mundo. No entanto, eu procuro falar desses temas especialmente na disciplina de Agroecologia e de Animais Não Ruminantes”, explicou a agrônoma.

O debate sobre a data e sobre as pesquisas desenvolvidas na Uespi contribui para reforçar a conscientização popular quanto ao valor ecológico e econômico das abelhas.

“Esse é um dia muito importante, e fico feliz em poder falar sobre as abelhas, especialmente sobre os trabalhos que desenvolvi na Uespi, a instituição onde me formei e que marcou minha trajetória acadêmica. Falar sobre o Dia da Abelha é uma forma de sensibilizar a sociedade para a relevância ecológica e econômica desses insetos, que vão muito além da produção de mel. Ao destacar essa data, reforçamos a importância de proteger os polinizadores, especialmente em regiões como o semiárido, onde as mudanças no uso da terra e a falta de políticas de conservação colocam em risco a biodiversidade local”, concluiu a professora.