O Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí (SIMEPI), entidade representativa da categoria profissional médica, lamentou em nota encaminhada ao A10+, da TV Antena 10, o afastamento do médico Jelson Rui Piaulino Lima, de 29 anos, do Hospital Estadual João Luís de Moraes, no município de Demerval Lobão-PI, após discutir com pacientes que aguardavam na fila.
Em vídeo, o profissional de saúde afirmou que a situação é uma “putaria” e que se os pacientes “frescassem” ele não atenderia mais ninguém. O registro ocorreu na tarde dessa quinta-feira (27) e viralizou nas redes sociais. Após o caso, o médico foi afastado das funções.
Em longa nota, o Simepi informou que tomou conhecimento do ocorrido apenas através do vídeo divulgado, não sendo procurado pelo profissional. O sindicato afirmou que, pela análise do vídeo, percebe-se que o profissional estava no lídimo exercício de suas atribuições funcionais, atendendo aos casos de urgência e emergência, de acordo com a gravidade, quando foi pressionado pela paciente, que exigia imediato atendimento, à qual o médico, “claramente exaltado pela sobrecarga de trabalho e pela infundada pressão sofrida, declarou que estava respeitando a ordem legal de atendimento e, em defesa própria e de toda a equipe hospitalar, afirmou que não admitiria qualquer tipo de desrespeito”.
O Simepi afirmou que, mesmo de forma inflamada, a atitude do médico - apontada pelos pacientes como “desrespeitosa” - foi “correta”. O sindicato alegou que a reação exaltada do profissional é mais uma das “nefastas consequências da sobrecarga de trabalho e de atendimento nos plantões médicos, onde não há médicos e nem leitos suficientes para a excessiva demanda”.
Por fim, o Sindicato veementemente repudiou o afastamento do médico em questão e destacou que ele necessita receber apoio e acompanhamento dos seus empregadores, inclusive quanto à sua saúde mental e psíquica, “recomenda fortemente à Direção do hospital que, caso inexistente, adote e cumpra serviço de triagem, além de respeitar a autonomia profissional do médico”.
Nas imagens, divulgadas nas redes sociais, é possível ver o médico discutindo diretamente com uma mulher, que rebateu suas falas. Ele relatou que o hospital atende apenas urgência e emergência e falou ainda, de forma irônica, para ela atender outras pessoas que estavam passando mal em seu lugar. “Você, não é médica, eu que sei a prioridade dessa po**a aqui”, disse.
Geraldo Júnior, diretor do hospital de Demerval Lobão, afirmou que o médico foi afastado imediatamente após a diretoria ficar ciente do caso. Ele contou ainda que o médico não faz parte dos quadros da unidade hospitalar e que estava no local assumindo o plantão de outro profissional que ficou doente. No entanto, populares relataram ao A10+ que o médico atendia com uma certa frequência no local.
Veja abaixo a nota na íntegra:
O Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí – SIMEPI, entidade representativa da categoria profissional médica, instado a se manifestar sobre o acontecido fartamente veiculado na mídia envolvendo o médico que estava de plantão no Hospital Estadual João Luís de Moraes, no município de Demerval Lobão-PI, vem a público, por meio desta, incialmente esclarecer que tomou conhecimento do ocorrido apenas através do vídeo divulgado, não sendo procurado pelo citado profissional.
Contudo, em cumprimento ao seu dever na defesa dos direitos e interesses da categoria médica, o SIMEPI ressalta que, pela análise do vídeo, percebe-se que o profissional estava no lídimo exercício de suas atribuições funcionais, atendendo aos casos de urgência e emergência, de acordo com a gravidade, quando foi pressionado pela paciente, que exigia imediato atendimento, à qual o médico, claramente exaltado pela sobrecarga de trabalho e pela infundada pressão sofrida, declarou que estava respeitando a ordem legal de atendimento aos pacientes de urgência e emergência, e, em defesa própria e de toda a equipe hospitalar, afirmou que não admitiria qualquer tipo de desrespeito.
Vê-se que a reação exaltada do profissional é mais uma das nefastas consequências da sobrecarga de trabalho e de atendimento nos plantões médicos, onde não há médicos e nem leitos suficientes para a excessiva demanda. As razões expostas pelo médico, ainda que de forma inflamada, foram corretas. Há muito tempo o SIMEPI vem denunciando e alertando sobre as más condições de trabalho médico nos plantões, inclusive com a campanha “PLANTÃO MÉDICO NÃO É CONSULTA”, em razão do deficiente funcionamento dos serviços de atenção básica na saúde pública, que consequentemente sobrecarregam os serviços de urgência e emergência e o número de atendimentos, desvirtuando o serviço e penalizando os profissionais.
Por fim, o SIMEPI veementemente REPUDIA o afastamento do médico em questão, o qual, diante da pressão e repercussão sofrida e da sobrecarga de trabalho, necessita receber apoio e acompanhamento dos seus empregadores, inclusive quanto à sua saúde mental e psíquica, recomenda fortemente à Direção do hospital que, caso inexistente, adote e cumpra serviço de triagem, além de respeitar a autonomia profissional do médico.
Recomendamos, ainda, de forma URGENTE, aos gestores, a melhoria das condições de trabalho do médico e das estruturas físicas adequadas para atendimento, a realização de concurso público imediato com um número de médicos adequado para a grande demanda e a garantia de segurança nos hospitais.