Caso Tatiana Medeiros: audiência de instrução ocorrerá em outubro e terá depoimentos de mais de 100 pessoas

Vereadora, que está em prisão domiciliar, é envolvida com facção criminosa

A Justiça do Piauí, por meio da Juíza Junia Maria Feitosa Bezerra Fialho, marcou para outubro a audiência de instrução e julgamento da vereadora Tatiana Medeiros, presa em abril deste ano, e outros 8 réus envolvidos em um escândalo sobre suposto financiamento de campanha eleitoral por facção criminosa nas eleições de 2024. Mais de 100 pessoas serão ouvidas durante os 5 dias. 

De acordo com a decisão obtida pelo A10+, a audiência dos réus acontecerá entre os dias 13, 14, 15, 16 e 17 de outubro, a partir das 09h da manhã de forma presencial para inquirição das testemunhas e interrogatórios dos réus.

  

Tatiana Medeiros
TV Antena 10

   

"Considerando a quantidade de réus e testemunhas a serem ouvidos no presente feito, e considerando as dificuldades práticas enfrentadas nas audiências realizadas por videoconferência – especificamente o tempo excessivo necessário para que cada testemunha ou réu se conecte e inicie sua participação, visando garantir a adequada instrução processual, em respeito ao contraditório e à ampla defesa, designo AUDIÊNCIA PRESENCIAL para inquirição das testemunhas e interrogatórios dos réus", disse trecho da decisão.

Para que todos os participantes sejam ouvidos, ficou determinado quem em cada um dos dias de julgamento, as oitivas serão realizadas em blocos de até 25 pessoas. Foi autorizado ainda o deslocamento da vereadora Tatiana Medeiros para se fazer presente nas sessões durante os 05 dias. A vereadora está em prisão domiciliar. 

São réus:

Prisão decretada e convertida em domiciliar

Tatiana Medeiros foi presa no dia 3 de abril sob a acusação de envolvimento em crimes eleitorais e com uma facção criminosa. Antes de assumir uma cadeira na Câmara Municipal de Teresina, a parlamentar esteve envolvida em um escândalo sobre suposto financiamento de campanha por facção criminosa durante as eleições de 2024.

Dois meses após ser presa, teve prisão domiciliar concedida pela Justiça, após uma série de problemas de saúde. Com isso, ela deixou a cela em que estava no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar em Teresina. 

A parlamentar, envolvida com facção criminosa, enfrentou uma série de problemas de saúde, chegou a ser internada em hospital, alegou ansiedade e foi encontrada até com tablet e celular dentro da cela.

Justiça coloca vereadora no banco de réus

A juíza Gláucia Mendes de Macêdo, da 98ª Zona Eleitoral do Piauí colocou a vereadora de Teresina, Tatiana Medeiros, o namorado dela, Alandilson Passos, e mais sete pessoas no banco dos réus. Entre os crimes imputados a eles estão envolvimento com facção criminosa, corrupção eleitoral, lavagem de dinheiro, violação do sigilo de voto e outros. A decisão foi assinada na terça-feira (20).

  

Alegando viagem de descanso, vereadora Tatiana Medeiros estava com o namorado, foragido da justiça, em hotel de BH
Reprodução

   

Na decisão, que o A10+ obteve acesso, a juíza também afirmou que são válidos e atuais os motivos que levaram à manutenção da prisão preventiva de Tatiana e Alandilson. "Os autos apontam que os réus Tatiana Teixeira Medeiros e Alandilson Cardoso Passos exerciam função de liderança em organização criminosa estruturada, com atuação direcionada à prática de crimes eleitorais, peculato, lavagem de capitais e corrupção, valendo-se de entidades assistenciais como instrumento de manipulação da vontade popular e desvio de recursos", afirma a juíza.

Teve acesso a aparelhos eletrônicos durante prisão

Durante uma inspeção realizada nesta terça-feira (20), a Polícia Militar encontrou um tablet e um celular escondidos na cela da vereadora Tatiana Medeiros (PSB), que está presa no Quartel do Comando-Geral (QCG) da PM do Piauí, em Teresina. Os dispositivos, segundo apurou o A10+, foram localizados em um compartimento improvisado dentro da cela.

A PM destacou que ao ser questionada, a vereadora confessou estar de posse dos equipamentos e informou que os mesmos teriam sido entregues por seu advogado. “A Polícia Militar do Piauí reforça seu compromisso com o cumprimento da legalidade e a fiscalização permanente nas dependências sob sua responsabilidade, comunicando o fato às autoridades competentes para as providências cabíveis”, diz ainda a nota.

"Regente" de esquema milionário

O juiz José Maria de Araújo Costa, relator da sessão judiciária que, nesta segunda-feira (14), negou o pedido de Habeas Corpus e manteve a prisão da vereadora Tatiana Medeiros (PSB), detalhou a estrutura criminosa de compra de votos revelada na investigação. Durante a leitura do relatório, o magistrado apontou o uso da ONG ligada à parlamentar para cooptar eleitores, movimentações financeiras suspeitas entre os envolvidos e a designação de cargos na Câmara Municipal de Teresina a pessoas ligadas ao esquema.

Diante de todos os indícios e mensagens levantadas, Tatiana Medeiros seria regente da rede criminosa, além de beneficiada com a compra dos votos e financiamento de campanha. “Fundamentando-se da percuciente apuração realizada pela Polícia Federal, no bojo do Inquérito Policial acima sintetizado, o magistrado entendeu rastrear presente os delitos, sob o argumento informativos em especial a análise global das mensagens de texto e de áudios trocados entre os investigados, sugerem que Tatiana Medeiros não figuraria apenas como espectadora agraciada com as atuações dos demais, mas sim como regente da rede criminosa, além de beneficiada imediata com a compra de votos e financiamento de campanha”, disse.