Delegado não acredita em inocência de irmão, e se diz enojado com depoimento de mãe de Izadora

Irmão foi absolvido do crime

A absolvição de João Paulo, irmão de Izadora Mourão, advogada morta a facadas em fevereiro de 2021, em sua casa na cidade de Pedro II, pegou todos de surpresa. O julgamento foi realizado na quarta-feira (16), durante todo o dia, e em depoimento a mãe de Izadora, Maria Neci confessou o crime, e inocentou seu filho João Paulo.

Procurado pela TV Antena 10, o coordenador do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Barrêta, não aceitou gravar, mas afirmou que foi ficou surpreso com a decisão.

  

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“Eu não tenho nada a dizer, estou enojado com o depoimento e a frieza da Maria Neci. Nosso trabalho foi muito bem feito, temos provas robustas de que o João Paulo participou do crime, mas a sociedade, o júri popular, decidiu deixar ela em casa, e absolver o João Paulo”, afirmou o delegado Barrêta à TV Antena 10.

A aposentada Maria Nerci foi condenada a 19 anos e seis meses de prisão por matar a própria filha, a advogada Izadora Mourão com vários golpes de faca. A sentença foi lida pelo juiz por volta das 23h desta quarta-feira (16) após mais de 13h de julgamento. 

O irmão de Izadora, o jornalista João Paulo, que havia sido indiciado por homicídio triplamente qualificado, foi absolvido pelos jurados por 4 votos a 3. Os membros do conselho de sentença entenderam que ele não teve participação no crime. 

A sessão ocorreu na Vara Criminal de Pedro II e foi presidida pelo juiz Diego Ricardo Melo de Almeida, que manteve a prisão domiciliar de Maria Nerci.

Versão da idosa era questionada

A versão dita por Maria Nerci é questionada pela polícia. Provas periciais atestam que no dia do crime, o jornalista João Paulo executou e a mãe assistiu ao assassinato, pois a posição dos golpes de faca feitos em Izadora favorece o lançamento de sangue encontrado no vestido da mãe dela.

A vítima sofreu 11 golpes de faca, a maioria no pescoço e uma no peito. Foram feitas perfurações de 4 a 9 centímetros, que de acordo com a polícia, seriam incompatíveis com a força da idosa.

Na época, o Ministério Público defendeu a tese de que o crime foi cometido por João Paulo e Maria Nerci, e que a motivação foi relacionado a uma herança de cerca de R$ 4 milhões, deixada pelo pai da advogada.

Idosa afirma que matou filha sozinha

A aposentada Maria Nerci, 71 anos, prestou depoimento na tarde desta quarta-feira (16) e voltou a afirmar que matou sozinha a própria filha, a advogada Izadora Mourão. Ela negou, por inúmeras vezes, a participação do filho no crime.

Ela citou que deu vários golpes de faca em Izadora que estava deitada na cama. Maria Nerci relatou que não tinha preferência por nenhum filho, mas a relação com a filha não era fácil, principalmente depois que ela se separou. No dia do crime, segundo depoimento, a advogada dormiu no quarto do irmão, o jornalista João Paulo. 

  

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Em depoimento, Nerci afirmou que o primeiro golpe que deu foi no pescoço, enquanto a filha estava na cama. Na sequência, a advogada, segundo a mãe, reagiu, pegou em seu braço, mas a aposentada continuou a esfaqueá-la até a morte.

"Ela não me chamava de mãe. Chegou em casa com olhos vermelhos e me pediu dinheiro para pagar umas contas, só que eu falei que só tinha o da aposentadoria e era usado para comprar as frutas e remédio do irmão dela. Eu me lembrei que como ela disse que vai me matar e vai judiar com  todo mundo aqui, eu vou saber se ela está se mexendo ou dormindo. Ela tava dormindo em um sono pesado mesmo, com o lado do coração para cima. Eu tinha levado a faca disse que é hoje ou é nunca. Eu peguei e dei primeiro golpe e foi muito forte, acertei na veia que mata mesmo. Ela pegou no meu braço esquerdo e se virou; ela queria se levantar para pegar a faca", contou.

"Dei um golpe muito forte"

Maria Nerci explicou ainda que Izadora pegou em seu braço, mas ela sustentou e continuou com os golpes de faca. "Eu dei um golpe muito forte, saiu bastante sangue, fiquei golpeando porque ela vai tomar essa faca e vai matar todo mundo. Ela ficou lá emborcada, confesso. Tudo o que tinha de força eu botei para dar certo. Eu dei várias, com medo dela se levantar e tomar a faca e matar todo mundo. Era ela ou eu", disse.

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