Os alvos da segunda fase da operação Laverna, deflagrada nesta sexta-feira (21), foram identificados como Lucimayre Brito, Luiz Morfim, Sarah Brenna e Vitor Mídia. As medidas foram cumpridas em Parnaíba, litoral do Piauí, e conforme a Secretaria de Segurança Pública do Piauí, eles teriam envolvimento em crimes digitais ligados à promoção de plataformas de apostas ilegais e rifas irregulares nas redes sociais. Pelo menos R$ 5 milhões foram movimentados pelo grupo.
Vitor Mídia tem 160 mil seguidores e uma loja de venda de motocicletas na cidade. Nas redes sociais, segundo a polícia, ele concentrava sua atuação na promoção de rifas ilegais apresentadas como beneficentes, sem comprovação de repasse das arrecadações e obtendo lucro direto com a prática. A polícia verifica um fato que chamou a atenção que em uma rifa uma pessoa teria ganhado mais de uma vez, o que estatisticamente, as chances são muito pequenas.
"O sistema de rifas só é legal quando o valor arrecadado é revertido para entidades beneficentes, e quem promove tem que ser uma entidade sem fins lucrativos, o que até o momento não foi identificado aqui, que tem sim uma finalidade financeira. Parte desse dinheiro, segundo as redes sociais, foi repassado para APAE de Parnaíba, mas vamos verificar. Segundo um dos investigados, ele apenas divulgava e ganhava um determinado valor, mas que nem ele saberia quanto ganha, o que é estranho. Esse alvo sofreu uma ascensão patrimonial muito rápida, em 2022, ele trabalhava numa oficina, em 2023 começou o sistema de rifas, e hoje construiu patrimônio considerável, de R$ 2/3 milhões", explicou o delegado Ayslan Magalhães.
Sarah Brenna já foi alvo de outra operação da polícia. De acordo com as investigações, ela movimentou R$ 1.311.784,32, enquanto seu marido, A.S.H.A.S., registrou R$ 1.664.582,01 com divulgação de plataformas de apostas virtuais e similares. Já Lucy tem pouco mais de 6 mil seguidores e se apresenta como terapeuta de mulheres e casais. Luiz tem um perfil de corretor de imóveis com 24 mil seguidores e é marido de Emília Magalhães Brito (93,2 mil seguidores), alvo da primeira operação.
A análise financeira revelou movimentações incompatíveis com qualquer renda formal declarada. Em nome de L.M.B foram identificados R$ 213.606,60. As contas vinculadas a L.C.M.J. apresentaram movimentação de R$ 637.783,14. No caso do Vitor Mídia o montante atingiu R$ 1.173.117,64, composto majoritariamente por microcréditos entre R$ 0,02 e R$ 20,00, enviados por mais de 3 mil pessoas distintas, padrão típico de rifas clandestinas.
Os conteúdos publicados pelos alvos incluíam vídeos manipulados, exposição de supostos ganhos, sorteios, linguagem motivacional e links personalizados para atrair seguidores, induzindo ao erro e estimulando expectativas irreais de lucro.
De acordo com o delegado Ayslan Magalhães, as informações financeiras, somadas à ausência de declaração de renda e ao uso de empresas associadas a pagamentos digitais ligados a jogos ilegais, reforçam indícios de ocultação patrimonial, dissimulação de recursos, evasão fiscal e vantagem econômica ilícita. As condutas investigadas podem configurar crimes como estelionato, indução do consumidor a erro por afirmação falsa ou enganosa, loteria não autorizada e lavagem de dinheiro.
“A Polícia Civil continuará atuando de forma firme e incansável no enfrentamento aos crimes digitais. Não vamos tolerar o uso das redes sociais para promover apostas ilícitas, rifas ilegais ou qualquer prática destinada a enganar consumidores e obter vantagens indevidas”, pontuou o delegado Ayslan Magalhães.
O nome da operação remete à deusa romana Laverna, símbolo de atos ocultos e práticas fraudulentas, representando o caráter dissimulado das atividades investigadas.
A operação foi conduzida pela 2ª Delegacia Seccional de Parnaíba, em conjunto com a Delegacia de Combate às Facções, Homicídios e Tráfico (DFHT), Superintendência de Operações Integradas (SOI), Diretoria de Inteligência (DINT), LAB-LD e Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO).