Megaoperação contra o CV no Rio chega a 64 mortos e 81 presos; noite tem mais confrontos

Ação mobiliza 2.500 policiais civis e militares para capturar lideranças criminosas e impedir expansão territorial de facções

A megaoperação da polícia nos Complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, que começou na manhã desta terça-feira (28), já deixou 64 mortos — entre eles, quatro policiais, sendo dois civis e dois do Bope (Batalhão de Operações Especiais).

Esta é a ação mais letal da história no estado. Os confrontos persistem após o anoitecer e têm como foco a captura do traficante Doca, o líder da facção Comando Vermelho.

  
Megaoperação no Rio de Janeiro Record/Rio
 
 
 

O sistema de transporte público entrou em colapso, com mais de 200 linhas afetadas de 400 km de trânsito.

A operação prendeu 81 suspeitos e apreendeu 93 fuzis, de acordo com o último balanço divulgado pelas polícias. Um dos detidos é o traficante Belão, apontado como chefe da comunidade do Quitungo, também na zona norte.

Ao menos três inocentes foram atingidos por balas perdidas. Uma das vítimas foi ferida nos glúteos enquanto estava dentro de uma academia que fica próxima às comunidades.

Policiais encontraram forte resistência durante operação e ao menos nove acabaram baleados. As equipes trocaram tiros com os bandidos e chegaram a ser atacadas com drones que lançam granadas.

Em represália ao trabalho da polícia, criminosos de outras regiões dominadas pelo Comando Vermelho fecharam vias em diferentes pontos da cidade com uso de barricadas. O Rio entrou no estágio 2 de atenção devido aos impactos na cidade. Ao menos 71 ônibus foram tomados pelos bandidos para servir de barricadas, além de diversos carros.

Em meio ao dia caótico, instituições de ensino suspenderam as aulas e parte do comércio fechou as portas.

Quem são os policiais mortos?

Os policiais civis Marcos Vinícius, da 53ª DP (Mesquita), conhecido como Máskara, e Rodrigo Cabral, da 39ª DP (Pavuna), foram atingidos por disparos de arma de fogo e não resistiram.

A Polícia Militar também confirmou as mortes do 3º sargento Cleiton Serafim Gonçalves, de 42 anos, e do 3º sargento Heber Carvalho da Fonseca, de 39, ambos do Batalhão de Operações Policiais Especiais.

Operação Contenção

A Operação Contenção, que mobiliza 2.500 policiais civis e militares, busca capturar lideranças criminosas do Rio de Janeiro e de outros estados, além de impedir a expansão territorial da maior facção do estado. Os dois complexos abrigam 26 comunidades.

A ação, que também conta com promotores do Ministério Público Estadual, foi iniciada a partir de mais de um ano de investigação. Mandados de busca, apreensão e prisão foram obtidos pela DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes).

Participam da Operação Contenção policiais militares do Comando de Operações Especiais e das unidades operacionais da PM da capital e região metropolitana. A Polícia Civil mobilizou agentes de todas as delegacias especializadas, distritais, da Core, do Departamento de Combate à Lavagem de Dinheiro e da Subsecretaria de Inteligência.

O Grupamento de Recapturas da Seap (Secretaria de Administração Penitenciária) também atua na operação, identificando os foragidos do sistema prisional beneficiados com a “saidinha” que não voltaram para a prisão.

Escolas e postos de saúde fechados

Além de aparato tecnológico, como drones, a Operação Contenção conta com dois helicópteros, 32 blindados terrestres e 12 veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da PM — além de ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate.

Até o momento, três unidades de saúde que atendem a região da Penha e do Complexo do Alemão precisaram suspender completamente o funcionamento para a segurança de profissionais e usuários.

Outras quatro unidades suspenderam temporariamente o funcionamento e avaliam a possibilidade de abertura nas próximas horas.

A Secretaria Municipal de Educação informou que, na região do Complexo do Alemão, 29 escolas foram impactadas. No Complexo da Penha, foram 17. A Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro informou que, até o momento, uma escola estadual precisou ser fechada na região.

O RioÔnibus (sindicato das empresas de ônibus do Rio de Janeiro) informou que 20 linhas estão com os itinerários desviados preventivamente para a segurança de rodoviários e passageiros nas regiões do Complexo do Alemão, Penha e Engenho da Rainha.

Segundo a Semove (Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro), um motorista de um ônibus da linha 492L (Caxias — Inhaúma) e outros dois das linhas 485 (Caxias x Pilares) e 749L (Jardim Iguaçu — Pavuna) foram obrigados por criminosos a atravessar os veículos na pista e entregar as chaves, na estrada Adhemar Bebiano, em Inhaúma.