O Ministério Público do Piauí ofereceu denúncia contra o motorista por aplicativo, Filipe do Valle Prado, suspeito de espancar a namorada por 6 horas em um motel, em Teresina, em maio deste ano. Ao A10+, a delegada Nathalia Figueiredo confirmou que o promotor do caso denunciou o motorista por lesão corporal grave, cárcere privado e posse ilegal de arma de fogo.
No inquérito presidido pela delegada, o indiciamento seria pelo crime de homicídio tentado com as qualificadoras de feminicídio, morte torpe, meio cruel e sem chance de defesa para a vítima que, durante as agressões, chegou a ter o rosto desfigurado, impossibilitando, inclusive, o reconhecimento facial do próprio celular.
"O promotor não entendeu pelo feminicídio, ele entendeu pela lesão corporal grave, cárcere privado e posse ilegal de arma de fogo de uso permitido. Durante a extração do celular foram analisadas imagens de que ele, em um determinado período de tempo, disse que tinha uma arma. Não que essa arma estivesse com ele no dia do fato. Ele teria essa arma em momento anterior, mas em determinado momento não estaria mais com ela. No entanto o promotor também entendeu pela posse ilegal de arma de fogo", afirma a delegada.
Com a perda da qualificadora de feminicídio, Filipe do Valle Prado não vai a júri e permanece na vara de violência doméstica familiar. Após ser preso pelo crime, Filipe chegou a ser solto, em audiência de custódia, após o o juiz, em entendimento com parecer do Ministério Público, considerar que não havia necessidade "de imposição da medida extrema de prisão preventiva para garantia da ordem pública, da ordem econômica, para conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, bastando a imposição de medidas cautelares diversas da prisão".
Um dia após a decisão, o alvará de soltura foi revogado pelo juiz da Central de Inquéritos, Valdemir Ferreira Santos, e com isso o motorista foi preso preventivamente no momento que iria colocar a tornozeleira eletrônica.
O caso
Na época do crime, ao A10+, a delegada Nathália Figueiredo informou que as agressões contra a mulher iniciaram dentro do carro até que ele a levou para um motel no bairro Macaúba, zona Sul de Teresina, onde deu continuidade à sessão de violência.
"Inicialmente, as agressões ocorreram dentro do veículo da vítima, onde a gente submeteu esse veículo a exame pericial. Existe uma quantidade relevante de vestígios de sangue no veículo. Dando segmento às agressões, ele a levou para um motel localizado no bairro Macaúba, até que ele entrou em contato com um familiar para que se dirigisse ao estabelecimento para pagar a conta que ele não tinha", explicou.
Chegando ao local, os familiares notaram as diversas marcas de ferimentos na mulher e a encaminharam para um hospital particular da capital. "Ele teria realizado diversas agressões físicas, principalmente na região do rosto da vítima, apresentando também marcas em outras partes do corpo", detalhou a delegada.
A vítima recebeu alta médica, mas ainda passará por novos procedimentos cirúrgicos diante da gravidade dos ferimentos. Mesmo assim, o promotor que ofereceu a denúncia à Justiça do Piauí não acatou a qualificadora de feminicídio ao caso.