Mulher é hospitalizada após passar mal na mesma casa em que família foi envenenada em Parnaíba, litoral do Piauí

O A10+ apurou que ela foi encaminhada ao hospital, na manhã desta quarta (22), após a confirmação de óbito de criança

Reportagem em atualização...

Uma mulher identificada como Maria Jocilene da Silva, 41 anos, deu entrada, novamente, no hospital após passar mal na casa onde moravam membros de uma mesma família que faleceram após consumirem arroz contaminado com a substância Terbufós em Parnaíba, litoral do Piauí.  O padrasto Francisco de Assis Pereira da Costa, 53 anos, está preso como principal suspeito do crime.

  

SAMU e PM são acionados após duas pessoas passarem mal na mesma casa em que família foi envenenada em Parnaíba, litoral do Piauí TV ANTENA 10 e A10+

   

O A10+ apurou que a mulher foi encaminhada ao Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), na manhã desta quarta (22), após a confirmação de óbito de Maria Gabriela Lopes Silva. Ela já havia sido internada quando os familiares foram envenenados em 1º de janeiro.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), a Polícia Militar e Polícia Civil estiveram no local para apurarem o caso. 

Morre 5ª vítima

Maria Gabriela Lopes Silva, a criança de 4 anos vítima de envenenamento após consumir arroz que foi preparado por um familiar em Parnaíba, faleceu na noite dessa terça-feira (21) no Hospital de Urgência de Teresina (HUT). A informação foi confirmada ao A10+ pela unidade de saúde, nesta quarta-feira (22). A menina deu entrada na UTI pediátrica no dia 03 de janeiro, onde estava internada. Ela é a 5ª vítima do caso de envenenamento que destruiu toda uma família no Piauí.

O hospital não deu detalhes sobre as complicações no caso da menina. Ela é irmã dos pequenos Igno Davi Silva, Lauane Fontenele, João Miguel e Ulisses Gabriel. Toda a família foi novamente vítima de um caso de envenenamento no dia 1 de janeiro de 2025. O veneno, segundo laudo, estava no arroz que foi preparado para a virada do ano.   

  

Menina de 4 anos, 5ª vítima de envenenamento no litoral do Piauí, morre no HUT
Reprodução/Internet

   

No dia 07 de janeiro, dias após a internação, a mãe de Maria Gabriela, Francisca Maria da Silva, de 32 anos, não resistiu às complicações do grave quadro de saúde e morreu no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda), em Parnaíba. Ela foi a quarta vítima do caso de envenenamento que destruiu toda uma família na região. 

Inicialmente, suspeitava-se que os peixes doados por um casal estivessem envenenados. No entanto, o laudo pericial descartou essa hipótese, e o casal responsável pela doação não é mais tratado como suspeito pela Polícia Civil. A suspeita foi redirecionada para o padrasto das crianças, Francisco de Assis Pereira da Costa, 53 anos, que foi preso sob a suspeita de colocar as substancias toxicas na comida. 

Prisão do padrasto

Personalidade complexa, colecionador de livros sobre o Nazismo, tinha uma residência exclusiva, e sentimento de ódio pelos enteados. Essas são algumas das características, segundo a Polícia Civil do Piauí, sobre Francisco de Assis Pereira da Costa, 53 anos, preso como principal suspeito do envenenamento da própria família, na cidade de Parnaíba, litoral do Piauí. 

Seguindo uma cronologia dos fatos, Francisco teria sido o último a dormir quando finalizada a festa de Réveillon realizada pela família na madrugada do dia 1º de janeiro de 2025. No dia seguinte, conforme a polícia e relatos de outra enteada do suspeito, ele teria insistido para que fosse reutilizado o arroz, que havia sobrado da confraternização familiar. Ninguém relatou a presença de pessoas estranhas nesse período até a refeição do almoço.  

  

"Eu sou vítima. Eu não fiz isso com minha família", declara padrasto preso como principal suspeito de envenenamento em Parnaíba, Piauí
TV ANTENA 10

   

"O alimento permaneceu em uma panela. A filha da dona Maria dos Aflitos, relatou que,  a pedido do Francisco de Assis, ele insistiu para que fosse usado o mesmo arroz. Ele insistiu que ela fizesse o requentamento para o almoço. Ela tirou da primeira panela, colocou em outra, mexeu, acrescentou água, e requentou. A segunda panela não foi encontrada. Mas na primeira panela foi encontrado o veneno (Terbufos)", relatou o delegado Abimael Silva durante coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira (08).

O veneno também foi encontrado, de acordo com laudos do Instituto de Criminalista, no corpo de uma das vítimas e em um dos pratos da residência.

Logo após o consumo do alimento, os familiares passaram mal, até que foi registrado o primeiro óbito de Manoel Leandro da Silva, de 18 anos. Durante o atendimento da ocorrência, os policiais notaram um semblante de frieza de Francisco com relação ao caso.

"No momento do atendimento do local do crime, o policial notou ele com semblante frio, não esboçava reação, sentimentos, mesmo com o cadáver do enteado, e ele não soube explicar direito como tinha sido. Ele foi solicitado para acompanhar a polícia, prestar BO, e quando ele foi conduzido pela viatura, por volta de 16h, ele disse que estava passando mal, então ele foi levado pela polícia para o HEDA", explicou o delegado.

Durante as investigações e oitivas com as testemunhas e vítimas, a polícia passou a analisar relatos parecidos sobre Francisco, enquanto as declarações dele iam em contramão. Ele deu mais de três versões.

 

Vítimas de envenenamento em Parnaíba, litoral do Piauí
A10+/TV Antena 10

  

Colecionador de livros sobre o Nazismo em baú e casa exclusiva

Segundo a polícia, com as investigações, foi descoberto que Francisco tinha um baú fechado com chave, que ele carregava em um colar, e uma residência que era de uso exclusivo dele, apenas ele tinha acesso aos locais.

"Ele tinha um baú do lado do fogão fechado no cadeado. Ninguém tinha acesso. O único lugar da casa possível para esconder uma coisa que ninguém saberia. Ele usava um colar com chave para ninguém ter acesso a esse baú, ele mesmo relata isso", afirmou o delegado.

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Nos dois locais, as equipes encontraram revistas sobre o Nazismo, Racismo, e outros temas. "Foram três livros, material tanto físico quanto digital sobre a questão do Nazismo. A perícia já fez a coleta, tem material  escrito, para ser analisado e a gente chegar a motivação e personalidade da pessoa. Estamos diante de uma psicopatia criminal, e ele diz que não é nazista", destacou o delegado Willames Pinheiro.

O delegado Abimael relatou que ele afirmou que seria apenas um curioso do tema, e que apesar da apreensão do material, isso ainda não está sendo ligado completamente ao crime. "Não estamos traçando uma linha, mas apreendemos para trabalhar em cima. Não estamos fazendo uma ligação porque pode ser uma questão de curiosidade ou um entusiasta do tema", pontuou.

Vizinha que foi acusada de envenenar crianças com cajus deixa presídio em Teresina

Lucélia Maria da Conceição, de 52 anos, deixou a Penitenciária Feminina de Teresina, em 13 de janeiro, após quase cinco meses. Ela estava detida desde agosto de 2024 sob acusação de envenenar duas crianças em Parnaíba, no litoral do Piauí. As crianças eram filhas de Francisca, que também morreu recentemente por envenenamento. A soltura ocorreu após a divulgação de um laudo que mostrou que não foi encontrado veneno nos cajus que foram doados pela vizinha às vítimas.  A defesa busca agora uma declaração de inocência e indenização.

Para a reportagem, Lucélia Maria explicou que ao longo de todos esses meses detida buscou ficar mais reclusa e evitar maiores contatos com outras detentas. A justiça determinou a soltura após a divulgação de um laudo que mostrou que não foi encontrado veneno nos cajus que foram doados pela vizinha às vítimas. O caso ganhou uma grande reviravolta e a mulher, que estava presa desde agosto de 2024, pode ser inocentada.

“Eu ficava todo tempo na minha cama, sentada lendo a bíblia e orava. Evitada ficar no meio dos outros que ficavam me criticando. Ficava todo tempo no meu canto com medo delas fazerem alguma coisa comigo, pois não acreditavam na minha palavra. Eu não aguentava mais estar ali. Fiquei com muito medo. Ela ficavam dizendo que não gostavam de quem maltratava criança, que matava criança; que uma pessoa dessa merecia apanhar e até morrer. Isso eu ouvia muito", narrou. 


Lucélia Maria relatou que foi muito triste o que viveu e nunca passou por sua cabeça um cenário desses. Ela conta que chorou ao ver o registro de sua residência incendiada. Ela morava em uma área de risco em Parnaíba e ganhou o imóvel em 2015.