A Corregedoria-Geral da Polícia Militar do Piauí afastou nas últimas semanas, pelo menos 4 militares por envolvimento em escândalos em Teresina. Sargento Mota, Cabo Jairo, Cabo Leonardo Geyson e por fim, o coronel Ricardo Pires de Almeida, estão sendo submetidos a procedimentos administrativos internos.
O A10+ apurou que, de acordo com a corporação, apesar de todos policiais estarem envolvidos em crimes de competência da esfera comum, eles seguirão afastados de suas funções diárias até o término dos processos e investigações em cada situação. Diante das apurações que transcorrem através da Corregedoria da instituição, os militares podem até perder o fardamento. A reportagem relembra agora cada caso:
Cabo Jairo, alvo da operação Jogo Sujo II
O PM Raimundo Alves, mais conhecido Cabo Jairo esteve entre os investigados da 2ª fase da Operação Jogo Sujo, deflagrada no mês passado. O policial, assim como o sargento Mota na mesma ação, foram investigados por crimes envolvendo jogos de azar, induzir consumidor a erro, estelionato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Eles usavam as redes sociais para promover o conhecido "Jogo do Tigrinho". Foi descoberto ainda, que muitas das plataformas são utilizadas para o estelionato, com falso vídeos de ganhadores ou emulações de plataformas.
Contra ele havia apenas um mandado de busca e apreensão, no entanto, as equipes encontraram com ele um celular roubado. Diante disso, ele foi levado à delegacia para prestar esclarecimentos.Suas redes sociais foram suspensas. Em nota à época, a PM-PI informou que todo o processo está sendo acompanhado pela Corregedoria, que segue adotando as devidas providências para apurar os fatos e garantir a transparência e legalidade das ações.
Sargento Mota, alvo operação Jogo Sujo II e denunciado pelo MP por furto
Assim como Jairo, sargento Mota também foi alvo de mandado e de investigação da Jogo Sujo II, além de ter sua rede social suspensa pela justiça. Porém, nos últimos dias, o nome do oficial esteve no centro de outro escândalo: o furto de um perfume “Malbec”. O caso ocorreu em fevereiro de 2023, mas só veio à tona esta semana.
A dona da casa relatou à polícia que o sargento Mota teria adentrado a sua residência, no dia 15 de fevereiro de 2023, usando uma chave falsa, oportunidade em que subtraiu o perfume "Malbec", da marca O Boticário. Em 28 de julho do mesmo ano, ela afirmou que um policial teria retornado, em uma viatura, para destruir a câmera de segurança do imóvel efetuando um disparo de arma de fogo no equipamento.
O A10+ obteve acesso a um vídeo que mostra o exato momento da sirtuação relatada na denúncia:
O membro do MP afirmou que o policial cometeu crime de furto qualificado com emprego de chave falsa, que pode acarretar pena de três a dez anos de reclusão. Outro policial teria sido citado, mas segundo o promotor, "não ficou demonstrada a unidade de desígnios para a prática do crime, tendo o militar, enquanto motorista da guarnição, dirigido até a localidade por ordem do seu comandante imediato".
Em nota encaminhada ao A10+, a Polícia Militar informou à época que não chegou nenhuma comunicação oficial do MP-PI sobre a denúncia. Porém, o comando geral da PM destacou que através da Corregedoria, iria solicitar informações para posteriormente adotar as providências pertinentes de acordo com o caso. Atualmente, segundo apurou a reportagem, Mota está sim entre os afastados das funções militares.
Cabo Leonardo Geyson, denunciado por golpes financeiros a colegas de farda
Outra situação de crime envolvendo militares que veio à tona nesta semana foi o cabo Leonardo Geyson. Ele está sendo alvo de investigação após denúncias de golpes financeiros contra outros colegas de trabalho em Teresina. Altos valores seriam investidos no mercado financeiro com promessas de retornos lucrativos, o que não teria ocorrido.
O A10+ apurou que o policial se colocaria como trader e buscava lucrar com operações a curto e médio prazo. Na situação, ele não teria repassado o que haveria prometido de ganhos financeiros e com isso, as vítimas o denunciaram. Os afetados seriam outros policiais e familiares que investiram dinheiro dos mais variados valores.
O PM está sendo investigado pela Corregedoria da Polícia Militar, tendo sido inclusive afastado das funções até o término das investigações. Em nota, a instituição informou que está tomando todas as providências necessárias no caso.
Outro lado
Em contato com a reportagem, o policial explicou que os pagamentos apontados nas denúncias não foram repassados em sua totalidade até o momento em virtude de uma situação com o banco no qual está vinculado os investimentos. Além disso, o PM ressaltou que durante o período de inatividade do serviço prestado, foi enviado valores para as pessoas, no intuito de dá garantia sob responsabilidade do serviço prestado.
Veja!
Que eu estou em contato constante com as supostas vítimas da matéria e tenho o comprovante de pagamento dos rendimentos e dos acordos firmados. Que a situação do atraso ocorreu em virtude de um compliance do banco no qual está vinculado o investimento.
Que durante esse período de inatividade do serviço prestado foi enviado valores no intuito de dá garantia sob responsabilidade do serviço prestado.
Que estou à disposição para dar continuidade ao cumprimento dos acordos firmados entre as partes.
Que o valor não é 2 milhões de reais, como foi informado na matéria.
Teresina, 29 de outubro de 2024.
Policial suspeito de atirar e matar mecânico após acidente envolvendo Lokinho
Neste caso, a identidade do policial não veio a se tornar pública. Ele é suspeito de atirar no mecânico Thiago Henrique Nascimento, após um acidente provocado pelo influenciador Lokinho e seu namorado. No dia 7 deste mês, ele se apresentou ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, em Teresina, para esclarecimentos. Ele foi liberado, mas responderá ao processo do caso.
O disparo ocorreu durante uma confusão generalizada após os atropelamentos. A reportagem levantou que ele não chegou a ser afastado de fato pelo crime, mas está respondendo a um procedimento administrativo militar.
Coronel Ricardo Pires de Almeida, investigado por estupro de vulnerável
Por fim, o último caso envolve o coronel Ricardo Pires de Almeida. O oficial é suspeito de estuprar uma criança de apenas 11 anos no município de Paulistana, no Piauí, e foi preso após se apresentar no Quartel do Comando-Geral, na manhã desta quinta-feira (31). Anteriormente já havia sido decretada, pela Justiça do Piauí, a prisão preventiva do policial.
O oficial prestou esclarecimentos sobre as acusações feitas pela mãe da criança, em vídeo divulgado nas redes sociais. A mulher afirma que o crime aconteceu na casa da avó da menina. A vítima revelou que já havia sido violentada outras vezes pelo policial.
Em entrevista ao A10+, a defesa do coronel, o advogado Otoniel Bisneto informou que ele não se pronunciará sobre o caso, que está sob sigilo. "Vamos manter o sigilo, até porque o caso está sob sigilo, e ainda não tivemos acesso aos autos. No momento, ele não vai se pronunciar. Ele vai ficar no local destinado, diante da prisão preventiva, e vamos trabalhar para que seja feita a revogação", afirmou.
Diante das denúncias, ele foi afastado de suas funções militares até o término das investigações, conforme anunciado pela Polícia Militar, através de nota.