Polícia cumpre mandado contra tenente suspeito de matar caseiro para se beneficiar de seguro de R$ 1,5 milhão no Piauí; novo caso é investigado

Durante diligências desse caso, as equipes identificaram também uma tentativa de homicídio contra outro funcionário com as mesmas características

A Polícia Civil do Piauí cumpriu, neste domingo (16), um mandado de prisão preventiva contra o tenente Alexandre Tupinambá, suspeito de ter envolvimento em um homicídio qualificado e ter se beneficiado com o seguro de vida avaliado em R$ 1,5 milhão. A vítima era seu caseiro. Durante as diligências desse caso, as equipes identificaram também uma tentativa de homicídio contra outro funcionário do oficial, com as mesmas características. 

O policial militar já está detido desde o último dia 18 de outubro, em razão da prisão temporária expedida no inquérito que apura a morte de José de Ribamar, caseiro do tenente, ocorrida em abril de 2023 em um sítio localizado na comunidade Caju, município de Santo Inácio do Piauí.


  

1º Tenente Alexandre Filipe Tupinambá Silva
Reprodução
   

A princípio a causa da morte era apontada como acidente por descarga elétrica. Ao longo das investigações, no entanto, análises de documentos revelaram indícios de falsificação, ameaças a testemunhas e possível simulação da cena do crime.

Após prisão temporária, novas diligências das equipes apuraram a existência de um segundo seguro de vida, desta vez no valor de R$ 1 milhão, contratado em nome de outro funcionário, conhecido como “Baixinho”, ligado à família da ex-esposa do tenente. Nesse caso, o próprio Alexandre figurava como beneficiário.

Segundo depoimentos colhidos, Alexandre teria planejado também a morte do segundo funcionário, simulando uma situação de acidente elétrico. O caseiro relatou que o tenente solicitou que ele retirasse um suporte de TV, mas, ao desconfiar da situação, encontrou fios desencapados conectados ao equipamento, o que poderia provocar uma descarga elétrica fatal. A tentativa não se consumou porque o trabalhador percebeu a irregularidade antes de tocar no suporte.

Com o avanço das investigações e a consolidação dos elementos que apontam para homicídio qualificado e tentativa de homicídio motivados por fraude a seguros, a autoridade policial representou pela prisão preventiva do tenente. “As investigações continuam, visando ao completo esclarecimento dos fatos e identificação de eventuais outros envolvidos, pelo que foi investigado, Alexandre Tupinambá é de extrema periculosidade pode coagir vítimas e até atentar contra a vida de testemunhas”, explicou o delegado Tales Gomes.

Prisão temporária

O tenente Alexandre Tupinambá, da Polícia Militar do Piauí, foi preso em um condomínio no bairro Pedra Mole, zona Leste de Teresina. Ele é suspeito de envolvimento em homicídio qualificado e de ter se beneficiado de um seguro de vida de R$ 1,5 milhão da vítima, que era seu caseiro.

Segundo o delegado Tales Gomes, a prisão decorre de investigação sobre a morte de José de Ribamar Pereira Osório, de 54 anos, ocorrida em 12 de abril de 2023, em Santo Inácio do Piauí, Região Sul do estado.  Durante a investigação, verificou-se que o tenente ainda ofereceu dinheiro para uma filha de José de Ribamar para que a família ficasse calada a respeito da existência do seguro. Na noite do crime, A.F.T.S. chamou José de Ribamar para ir a um sítio de sua propriedade em Santo Inácio do Piauí.

Outras acusações

O oficial também é investigado pelos crimes de estelionato e falsificação de documentos. As investigações da Polícia Civil apontam que os prejuízos causados pelas fraudes chegam a cifras milionárias e que mais de dez pessoas teriam sido lesadas, entre elas, a própria esposa do policial e a conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Flora Izabel.


  

Tenente da PM é investigado por dar golpes em Flora Isabel, à época, ela era deputada estadual
Alepi
   

Segundo as investigações, quando o crime contra Flora Izabel ocorreu, ela ainda exercia o mandato de deputada estadual. Alexandre Tupinambá integrava sua equipe de segurança, designada pela Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi), e teria furtado um talão de cheques da parlamentar durante o período em que prestava o serviço.

As apurações indicam que o tenente usava a farda da corporação para conquistar a confiança das vítimas e facilitar a aplicação dos golpes. O caso segue sob investigação pela Polícia Civil do Piauí.