O tenente Alexandre Tupinambá, da Polícia Militar do Piauí, foi preso na tarde do último sábado (18) em um condomínio no bairro Pedra Mole, zona Leste de Teresina. Ele é suspeito de envolvimento em homicídio qualificado e de ter se beneficiado de um seguro de vida de R$ 1,5 milhão da vítima, que era seu caseiro.
Segundo o delegado Tales Gomes, a prisão decorre de investigação sobre a morte de José de Ribamar Pereira Osório, de 54 anos, ocorrida em 12 de abril de 2023, em Santo Inácio do Piauí, Região Sul do estado.
“As investigações levantaram elementos que indicam que A.F.T.S. contratou um seguro de vida de R$ 1.500.000,00 para José de Ribamar, que era seu caseiro, e colocou um advogado como beneficiário. Nem José de Ribamar e nem a família dele sabiam do seguro. Familiares foram surpreendidos pela chegada de um funcionário da seguradora que foi à Santo Inácio do Piauí fazer levantamentos para saber se o seguro seria pago”, informou o delegado.
Durante a investigação, verificou-se que o tenente ainda ofereceu dinheiro para uma filha de José de Ribamar para que a família ficasse calada a respeito da existência do seguro. Na noite do crime, A.F.T.S. chamou José de Ribamar para ir a um sítio de sua propriedade em Santo Inácio do Piauí.
“Ao sair, José de Ribamar foi questionado pela esposa e ele falou que estava saindo com A.F.T.S., inclusive dizendo que A.F.T.S. teria pedido para não falar dessa saída para ninguém. Devido a demora de José de Ribamar para retornar para casa, a esposa dele foi à tal propriedade de A.F.T.S. e encontrou o marido morto”, acrescentou o delegado Tales Gomes.
As investigações apontam que Tupinambá estava na cidade no dia do crime, adulterou documentos públicos para receber o valor do seguro e coagia terceiros para viabilizar a fraude. O tenente foi encaminhado ao presídio militar. A PM informou que prestou apoio à operação e que não coaduna com esse tipo de conduta, prezando sempre pela ética. A Corregedoria-Geral da PMPI informou que Tupinambá já responde a um conselho de justificação para avaliar se poderá permanecer na corporação.
A prisão foi cumprida pela Polícia Civil do Piauí, por meio da Diretoria de Operações Policiais (DEOP), com apoio da Diretoria de Inteligência (DIPC), do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (DENARC) e da Corregedoria-Geral da Polícia Militar (PMPI).
Outras acusações
O oficial também é investigado pelos crimes de estelionato e falsificação de documentos. As investigações da Polícia Civil apontam que os prejuízos causados pelas fraudes chegam a cifras milionárias e que mais de dez pessoas teriam sido lesadas, entre elas, a própria esposa do policial e a conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Flora Izabel.
Segundo as investigações, quando o crime contra Flora Izabel ocorreu, ela ainda exercia o mandato de deputada estadual. Alexandre Tupinambá integrava sua equipe de segurança, designada pela Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi), e teria furtado um talão de cheques da parlamentar durante o período em que prestava o serviço.
As apurações indicam que o tenente usava a farda da corporação para conquistar a confiança das vítimas e facilitar a aplicação dos golpes. O caso segue sob investigação pela Polícia Civil do Piauí.