O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que não pretende deixar o país. “Estou com 70 anos, cheio de problemas de saúde. Como é que eu vou para outro país?”, disse em entrevista nesta terça-feira (15).
Bolsonaro e outras sete pessoas são réus em uma ação penal no STF (Supremo Tribunal Federal) relacionada à tentativa de golpe após as eleições de 2022.
Lula Marques/Agência Brasil
Ao todo, o ex-presidente responde por cinco crimes, cujas penas somadas podem ultrapassar 40 anos de prisão.
Além disso, Bolsonaro voltou a questionar a ação penal e contestou alguns dos crimes que lhe são atribuídos. “Eu quero ver esse julgamento meu. Como é que eu posso ser responsável por danificar patrimônio se eu estava nos EUA?”, declarou, em entrevista ao portal Poder360.
O ex-presidente também criticou a atuação do ministro do STF Alexandre de Moraes, afirmando que ele “sequestrou” a Corte e faz “o que bem entende”.
“Ele vai interrogar, ele vai julgar. Ele diz que é vítima porque havia um plano para assassiná-lo. Agora, a pessoa com quem encontraram esse plano, chamado Punhal Verde e Amarelo, não foi ouvida até hoje. Então, não interessa para o relator nem para o PGR [procurador-geral da República] aquela narrativa”, afirmou Bolsonaro.
Entenda
Nessa segunda-feira (14), a PGR (Procurador-geral da República) apresentou as alegações finais da ação penal. Nela, Paulo Gonet pediu a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete pessoas por tentativa de golpe de Estado.
Com a entrega das alegações finais da PGR (Procuradoria-Geral da República), começa o prazo para que os réus se defendam pela última vez das acusações.
O primeiro a se manifestar será o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator no caso. O ministro Alexandre de Moraes, relator da ação, abriu prazo de 15 dias para que a defesa de Cid entregue o posicionamento. Após isso, os demais réus também terão 15 dias para apresentar as manifestações ao STF.
Os réus da ação penal são:
- Mauro Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro;
- Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
- Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal;
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e
- Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e candidato a vice de Bolsonaro em 2022.
Acusações
Para a PGR, houve uma articulação clara com o objetivo de manter Bolsonaro no poder, mesmo após a derrota dele nas eleições de 2022.
No documento, a PGR afirma que Bolsonaro instrumentalizou o governo federal, mobilizando órgãos públicos, setores estratégicos das Forças Armadas e recursos estatais para, de forma persistente, atacar instituições públicas e o processo eleitoral brasileiro.
Segundo a acusação, o ex-presidente é descrito como o maior beneficiário e executor dos atos mais graves do esquema. A PGR aponta que ele documentou quase todas as fases da trama, se valendo de discursos públicos, transmissões oficiais e reuniões ministeriais para insuflar apoiadores e atacar o sistema eletrônico de votação.