Em reunião com agro, Alckmin volta a criticar tarifa de Trump: "Totalmente despropositada"

Comitê para discutir taxa com empresários brasileiros começou a se reunir nesta terça; governo quer reverter decisão de Trump

O vice-presidente Geraldo Alckmin voltou a criticar nesta terça-feira (15) a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em 50% todos os produtos brasileiros comprados pelos EUA. Em reunião com representantes do agronegócio, Alckmin, que também é ministro do MDIC (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), reforçou que o objetivo do governo é reverter a taxa imposta por Trump — que começa a valer a partir de 1º de agosto.

  

Comitê criado pelo governo é comandado por Alckmin Valter Campanato/Agência Brasil

   

“Em relação à questão tarifária, entendemos que é equivocada [a decisão de Trump]. O Brasil tem déficit na balança comercial com os EUA — aliás, os EUA têm superavit há 15 anos. Então, não tem o menor sentido, é uma tarifa totalmente despropositada“, declarou.

A fala foi feita na parte inicial da reunião do comitê criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir a taxa imposta por Trump. Os encontros do grupo, que reúne representantes do governo e empresários brasileiros, começaram nesta terça.

Pela manhã, Alckmin, que comanda o comitê, esteve com os setores industriais com maior fluxo comercial com os EUA, como aviação, máquinas e equipamentos, área têxtil e calçados.

De tarde, o vice-presidente reúne-se com representantes do agronegócio (veja a lista completa dos participantes ao fim).

Alckmin destacou a importância de incluir os empresários norte-americanos nas conversas.

“A ideia, o trabalho é reverter isso [a taxa de Trump], e queremos ouvir vocês, que vocês também participem deste trabalho. Uma das formas é em relação aos congêneres americanos. Vamos envolver os empresários americanos, mostrando o prejuízo que isso pode ter também para a economia americana. É um perde-perde”, acrescentou.

Adiamento do prazo

Nessa segunda (14), Alckmin negou a jornalistas que o governo federal tenha pedido aos EUA prorrogação do início da vigência da taxa.

No entanto, na reunião da manhã desta terça, o vice-presidente admitiu a possibilidade.

“Nós queremos resolver o problema, e o mais rápido possível. Se houver necessidade de mais prazo, vamos trabalhar nesse sentido”, destacou.

Falta de resposta

As conversas brasileiras são comandadas por Alckmin desde o início de fevereiro, quando Trump anunciou as primeiras tarifas.

As iniciativas de taxar produtos de outros países fazem parte de uma política protecionista do republicano, que é implementada desde o início do atual mandato dele.

Nessa segunda (14), Alckmin informou que uma carta enviada pelo governo brasileiro aos Estados Unidos em maio segue sem resposta.

“Importante destacar que já vínhamos fazendo diálogo. Estive, através de videoconferência, com Howard Lutnick [ministro de Comércio dos EUA] e com o embaixador Greer [representante comercial dos EUA, Jamieson Greer]. Depois, as conversas continuaram e, no dia 16 de maio, foi encaminhada, até em caráter confidencial, uma proposta para os EUA, de negociação, que não foi respondida ainda. E até a sexta-feira da semana retrasada [4 de julho], antes do anúncio [de Trump], estava tendo reunião no nível técnico”, destacou Alckmin.

Também nesta manhã, o vice-presidente declarou que uma nova correspondência deve ser enviada.

“Vamos encaminhar uma carta dizendo: ‘Aguardamos a resposta e continuamos empenhados em resolver esse problema [tarifário]’”, informou.

Participantes da segunda reunião do comitê criado por Lula

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